Toda prática cultural deve estar constantemente sujeita a ser revista, repensada e, caso chegue-se à conclusão de que essa mesma prática impõe prejuízos de ordem física, moral ou material a qualquer criatura que habite o universo, deverá também ser deixada definitivamente de lado e passada a ser considerada ato desnecessário, cruel, violento, passivo de punição a quem quer que o empreenda.
A máxima do parágrafo anterior expressa um princípio da ética iluminista. Segundo essa filosofia, fazendo alusão a Kant, um dos seus principais expoentes no campo ético, existem imperativos categóricos que se fazem necessários para a convivência profícua entre os seres humanos e outras formas de vida em nosso planeta, ou até mesmo em outras galáxias. Um imperativo categórico é um princípio universal que está acima de diferenças culturais e que prevalece sobre essas em caso de prejuízos decorrentes de uma determinada prática cultural. Nas palavras do próprio Kant, um imperativo categórico é o mesmo que moralidade, o agir de tal maneira que a máxima da tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo, como princípio de legislação universal. É um dever interior, daí sua íntima relação com a ética.
Para Kant, como para qualquer iluminista, vale a ideia fundante de que não é pelo simples fato de uma prática cultural existir, que isso faz da mesma algo a ser tolerado. Um iluminista sempre se norteia considerando a diferença fundamental entre validade e funcionalidade, invariavelmente procurando contestar um tipo de funcionalidade cuja prática seja geradora de danos a outrem.
Desde o século XVIII, o Iluminismo vem mostrando que práticas como o sacrifício, a ordália, ou o canibalismo são absolutamente condenáveis porque ou legam prejuízos gigantescos a vítimas que na maioria das vezes são totalmente inocentes, ou promovem a barbárie, quando não ambos os aspectos, fatos que invalidam tais práticas. Hoje em dia, a imensa maioria das pessoas condena atos dessa natureza, excetuando-se uma meia dúzia de gatos pingados pós modernos, mais afeitos aos holofotes do que à reflexão, que erguem o ídolo de barro do relativismo na ilusão pueril de que assim estão agindo como os paladinos das diferenças, nem ao menos dando-se o trabalho de pensar se essas se justificam e a que preço. Para esses, não há imperativos categóricos, não há ética. Deixemo-no-los de lado, uma vez que o desprezo é o melhor remédio contra essa estirpe.
Uma reflexão filosófica que ainda falta para muitas pessoas é condenar o sofrimento imposto aos animais, do mesmo modo que já condenam as vítimas humanas. Esses dias, numa sala de espera, eu estava a folhear uma revista quando me deparei com uma matéria sobre o turismo na Espanha. A atriz Andréa Beltrão dava dicas sobre a cidade de Sevilha, elencando dez motivos para se visitar a mesma. Me revoltei logo no primeiro deles, no qual Beltrão citava as touradas! Segundo a atriz, o que se presencia na arena, é um belo espetáculo! Uma pessoa em sã consciência não pode afirmar um absurdo como esse. Deplorável! Beltrão defendeu ainda que "apenas na hora do sangue" a coisa ficava feia. Claro, então quer dizer que o touro é provocado, humilhado, espetado e só o choque visual causado nas pessoas pelo sangue do animal, depois de lhe ser imputado um sofrimento atroz e absolutamente gratuito é que importa?! É o cúmulo! A partir do que li, farei campanha contra qualquer peça de teatro, filme ou programa de TV em que essa atriz estiver envolvida. Andréa Beltrão nunca mais!
Que se dane a prática cultural espanhola das touradas! Para o inferno com as baboseiras do tipo "é uma honra para o touro ser morto pelo toureiro"! Ridículo, ridículo! O fato, nu e cru, é que o animal é submetido a uma tortura vil, selvagem, dantesca, sem a menor razão de ser. É inacreditável que um país civilizado como a Espanha mantenha até hoje uma prática que cause tamanha dor e intenso sofrimento. É execrável uma pessoa que ache uma tourada algo digno de ser apreciado.
O imperativo categórico do respeito à vida e aos animais é o princípio a ser seguido nesse caso, como em tantos outros. A filosofia iluminista é o refúgio contra todos os tipos de opressão.
A máxima do parágrafo anterior expressa um princípio da ética iluminista. Segundo essa filosofia, fazendo alusão a Kant, um dos seus principais expoentes no campo ético, existem imperativos categóricos que se fazem necessários para a convivência profícua entre os seres humanos e outras formas de vida em nosso planeta, ou até mesmo em outras galáxias. Um imperativo categórico é um princípio universal que está acima de diferenças culturais e que prevalece sobre essas em caso de prejuízos decorrentes de uma determinada prática cultural. Nas palavras do próprio Kant, um imperativo categórico é o mesmo que moralidade, o agir de tal maneira que a máxima da tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo, como princípio de legislação universal. É um dever interior, daí sua íntima relação com a ética.
Para Kant, como para qualquer iluminista, vale a ideia fundante de que não é pelo simples fato de uma prática cultural existir, que isso faz da mesma algo a ser tolerado. Um iluminista sempre se norteia considerando a diferença fundamental entre validade e funcionalidade, invariavelmente procurando contestar um tipo de funcionalidade cuja prática seja geradora de danos a outrem.
Desde o século XVIII, o Iluminismo vem mostrando que práticas como o sacrifício, a ordália, ou o canibalismo são absolutamente condenáveis porque ou legam prejuízos gigantescos a vítimas que na maioria das vezes são totalmente inocentes, ou promovem a barbárie, quando não ambos os aspectos, fatos que invalidam tais práticas. Hoje em dia, a imensa maioria das pessoas condena atos dessa natureza, excetuando-se uma meia dúzia de gatos pingados pós modernos, mais afeitos aos holofotes do que à reflexão, que erguem o ídolo de barro do relativismo na ilusão pueril de que assim estão agindo como os paladinos das diferenças, nem ao menos dando-se o trabalho de pensar se essas se justificam e a que preço. Para esses, não há imperativos categóricos, não há ética. Deixemo-no-los de lado, uma vez que o desprezo é o melhor remédio contra essa estirpe.
Uma reflexão filosófica que ainda falta para muitas pessoas é condenar o sofrimento imposto aos animais, do mesmo modo que já condenam as vítimas humanas. Esses dias, numa sala de espera, eu estava a folhear uma revista quando me deparei com uma matéria sobre o turismo na Espanha. A atriz Andréa Beltrão dava dicas sobre a cidade de Sevilha, elencando dez motivos para se visitar a mesma. Me revoltei logo no primeiro deles, no qual Beltrão citava as touradas! Segundo a atriz, o que se presencia na arena, é um belo espetáculo! Uma pessoa em sã consciência não pode afirmar um absurdo como esse. Deplorável! Beltrão defendeu ainda que "apenas na hora do sangue" a coisa ficava feia. Claro, então quer dizer que o touro é provocado, humilhado, espetado e só o choque visual causado nas pessoas pelo sangue do animal, depois de lhe ser imputado um sofrimento atroz e absolutamente gratuito é que importa?! É o cúmulo! A partir do que li, farei campanha contra qualquer peça de teatro, filme ou programa de TV em que essa atriz estiver envolvida. Andréa Beltrão nunca mais!
Que se dane a prática cultural espanhola das touradas! Para o inferno com as baboseiras do tipo "é uma honra para o touro ser morto pelo toureiro"! Ridículo, ridículo! O fato, nu e cru, é que o animal é submetido a uma tortura vil, selvagem, dantesca, sem a menor razão de ser. É inacreditável que um país civilizado como a Espanha mantenha até hoje uma prática que cause tamanha dor e intenso sofrimento. É execrável uma pessoa que ache uma tourada algo digno de ser apreciado.
O imperativo categórico do respeito à vida e aos animais é o princípio a ser seguido nesse caso, como em tantos outros. A filosofia iluminista é o refúgio contra todos os tipos de opressão.