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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ibi inconstantia


E eis que volto a este espaço após um longo tempo de inatividade. A vontade de escrever esteve em baixa e, ainda permanece, mas talvez hoje tenha havido um laivo suficiente o bastante para me trazer até aqui. Pensei em encerrar com os artigos e deixar que o blog sobrevivesse apenas de seu passado. Vislumbrei que não era o caminho e, logo depois, levantei a possibilidade de acabar em definitivo com o mesmo. Um segundo se passou e refleti que não seria necessário. Não ainda...
Muita coisa errada nesse ínterim, mais do que normalmente já acontece. Só coisa errada, a bem da verdade. Cansa. Não irei me estender e só dividirei com o leitor algumas impressões a respeito do tema da incoerência.
Li um sujeito afirmando que a direita ainda vive a época da Guerra Fria e enxerga o comunismo em tudo que é lugar. Pode ser que ele tenha alguma razão, o que até seria bom. Contudo, onde está a esquerda que, totalmente desprovida de capacidade para erigir qualquer reflexão sobre aspectos verdadeiramente filosóficos, só consegue promover a crítica rasteira de um capitalismo abstrato que nem ela sabe qual é? Se a direita cheira a bolor, a esquerda é farinha de ossos, encerrada não na Guerra Fria, mas no século XIX.
E por falar em aspectos filosóficos, é estranho observar em um país tão repleto de problemas como o Brasil, uma religiosidade predominantemente permeada por aspectos salvacionistas ao invés de servir como instrumento de orientação quanto ao certo e ao errado. E quanto mais preces advindas dessa credulidade vazia, pior fica a nação. Não, não é tão estranho assim...
"Menos prédios e carros, mais parques e bikes". Assim pude ver pichado em muro por aí. Parece bastante justo e "consciente". Mas é possível que não.... A verticalização é um fenômeno derivado do crescimento urbano desordenado, da especulação imobiliária sim, como preferem os esquerdistas "conscientes", - e com quantos cifrões não engordará os cofres da Prefeitura Paulista, uma das cidades com mais especulação imobiliária, o sr. Fernando Haddad, este prefeito de esquerda, prodigamente dotado de "consciência social"?! - mas também, e sobretudo, do crescimento demográfico, ainda alto para um país que deseja sair do lodo do subdesenvolvimento. Engana-se quem pensa que a geração de rebentos é exclusiva dos rincões. Neomalthusianos, uni-vos! Ah..., já ia me esquecendo das bikes que, segundo levantamento do movimento Bicicleta Para Todos, têm 72% de impostos embutidos no valor final ao consumidor, resultando em um sobrepreço de 230% na comparação com outros países. Esquerdistas gostam de bikes, mas também de Estado agigantado e sugador de tributos...
Demografia é um tema interessante, especialmente em época de apoio irrestrito ao movimento gay: perguntam então a um casal de heterossexuais se querem ter filhos, ao que respondem negativamente. E que arregalar de olhos se estampa na face do interlocutor, egrégio paladino da causa homossexual!
E esse capitalismo tupiniquim, entranhado nas práticas econômicas e na mente do povo, é mesmo sui generis. Ouve-se tanto discurso sobre modernização dos clubes, clube empresa, managers, benchmark, marketing e o raio que o parta, porém, é cena corriqueira nos gramados Brasil afora aquela em que se vê um jogador acéfalo comemorar seu gol atirando a camisa pelos ares: no momento em que as câmeras estão todas focadas no sujeito..., cadê os patrocinadores?! Será que nenhum dirigente, nenhum diretor de futebol ou criatura semelhante orienta essa boleirada ignara?!
Bem, talvez seja em função dessas comemorações acima mencionadas que os patrocinadores do futebol estejam se mostrando tão acentuadamente reticentes em oferecer quantias em troca do logotipo estampado nas camisas de times. A estatal Caixa Econômica Federal é quem passou a dominar amplamente o nicho dos patrocínios futebolísticos, desembolsando valores bem acima do mercado e, a despeito de muita gente ser contra tamanha imoralidade, há não poucos que consideram normal ou nem se importam: "não tem problema, é uma verba que seria destinada à propaganda" ou, "que se dane de onde vem o dinheiro, quero ver meu time campeão", como se as verbas de uma instituição pública não devessem ser endereçadas ao público, como se fosse verdade o mantra segundo o qual a CEF concorre normalmente com bancos privados, sem que possuísse monopólio em relação aos direitos do trabalhador. Indigna tanto quanto o próprio fato pensar que grande parte dos que apoiam tal prática vergonhosa sejam defensores do Estado provedor, aquele que funciona como suposto guardião dos bens públicos. É a "esquerda consciente", é a cara do Brasil! Até logo.

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