Vivemos em um mundo que se transforma cada vez mais rapidamente, ninguém duvida disso, ninguém deixa de sentir tal fato na própria pele. As tecnologias, que avançam à velocidade da luz, fazem com que o modo de vida das pessoas se altere em função delas, a globalização reduz tempo e distância a pó. Hoje em dia é possível realizar uma série de atividades que anteriormente demandavam horas, dias ou até mesmo meses, apenas apertando botões, sentado na poltrona, dentro de casa. Uma pergunta importante, levando isso em conta, é: até que ponto os princípios ficam abalados em um mundo tão diferente, no qual mesmo o presente se torna passado em questão de pouco tempo?
No vocabulário político, os termos "princípio" e "transformação" são normalmente tratados de conservadorismo e revolução, respectivamente, ganhando assim conotação mais complexa, o que no caso não é algo positivo, uma vez que faz o problema se tornar mais espinhoso do que já é. Um esquerdista radical qualifica qualquer princípio de conservador sem se dar conta da imensa contradição que isso implica. Depois de consolidada a revolução, o que passa a ser um revolucionário? Um guardião da mudança, que zela pela própria transformação? Não, simplesmente um conservador da ordem que ele próprio estabeleceu!
É possível ainda bater na tecla da própria globalização, indagando a postura do radical de esquerda em relação ao mundo em que vivemos atualmente. Com tudo de novo que a globalização traz, sejam benefícios ou prejuízos, o globofóbico a condena totalmente, pois ela é uma expressão do capitalismo. Justo aquele que se diz revolucionário, se posta como um ferrenho opositor das mudanças! Obviamente, se coloca a questão do tipo de mudança que se está a defender, no entanto, poucas vezes isso ocorre no debate político. É corriqueiro observar um globofóbico vestir o traje mais conservador possível quando muitas vezes é pêgo vociferando contra tecnologias que ele mesmo faz uso constante e que nem mesmo o ogro mais tacanha seria capaz de negar a melhora de condição de vida que tal tecnologia traz. Afinal, um esquerdista é um revolucionário ou um conservador? Ficamos sem saber...
A bem da verdade, as mesmíssimas contradições são notadas em quem se intitula direitista. Muitos que se colocam nesse lado do espectro político defendem com unhas e dentes os dogmas do catolicismo, por mais incongruentes que sejam e são contrários a inúmeros avanços da ciência, ao mesmo tempo que são capazes de defender a devastação ambiental em nome do "progresso". Também não sabemos claramente se o direitista é conservador ou "progressista", como costuma dizer para escapar do epíteto de "revolucionário".
Como se pode notar, introduzir o matiz da política em questões que são em sua essência filosóficas, no mais das vezes não ajuda a obter uma resposta, só obscurecendo a capacidade de reflexão. Não tenho a pretensão de responder de maneira inteiramente objetiva ao problema que formulei de início. Isso fugiria mesmo ao âmbito das Humanidades, além do próprio fato de ser uma interrogação difícil para ser respondida de imediato.
De todo modo, penso que não existe, na realidade, uma oposição entre princípios e transformação, o que poria em xeque o título do artigo. No fundo, manter certos princípios, é condição sine qua non se torna impossível compreender e lidar com as mudanças que vivenciamos a cada dia. Para qualquer radical, de um ou outro extremo do espectro político, a resposta à pergunta seria um SIM peremptório, pois pessoas assim pensam com base em sistemas unívocos que conferem pouco ou nenhum espaço de manobra ao indivíduo, isto é, num mundo transformado, no qual os tais sistemas entram em colapso, os princípios se arruinam junto com esse turbilhão. A lógica dos sistemas unívocos é sempre perversa, acaba com a previsibilidade das leis, opera a partir da intimidação e da vigilância e assim, torna impraticável a manutenção dos princípios, já que estes seriam uma arma contra a opressão. Como refletiu Hannah Arendt, totalitarismos buscam a supressão do que há de mais humano no Homem, isto é, a capacidade de reflexão e discernimento.
Os verdadeiros princípios porém, podem sobreviver aos sistemas unívocos, dando a quem os possui, capacidade de lidar com transformações que são positivas, ou manter postura crítica em relação ao que é negativo. Desse modo, por exemplo, vê-se com a maior aprovação os avanços da medicina ou da produção de novos materiais e novas formas de obtenção de energia, que são muito menos impactantes ao ambiente. Por outro lado, reprova-se com veemência a devastação da natureza ou a falta de tolerância e solidariedade, tão fáceis de se observar nos dias de hoje. Princípios sólidos, que independem de sistemas, ajudam ainda a distinguir posturas ideológicas críveis ou não. Sendo assim, condena-se inteiramente qualquer forma de racismo, conceito já desmentido pela ciência e que se traduz por um infundado desejo de manutenção de pureza biológica, como se o fenótipo determinasse traços de caráter. Reprova-se também o culto à ignorância comum em nossa atualidade, onde o conhecimento e a erudição são descartados até mesmo por quem deveria valorizá-los ao máximo, como professores universitários ou homens de estado.
Um materialista de plantão poderia estar pronto para desferir sua flechada venenosa contra o conceito de "princípio" o qual ele certamente qualifica invariavelmente de "abstração". Cabe colocar que esse conceito tem a ver com aquele "dever interior" o qual mencionei no artigo anterior. É uma questão ética, para a qual sempre vale a diferenciação fundamental entre o certo e o errado. O que sempre irá existir são coisas positivas e negativas. Sistemas unívocos saídos de pesados tratados como O capital ou Minha Luta, é que se revelam abstrações perversas quando tentados na prática.
No vocabulário político, os termos "princípio" e "transformação" são normalmente tratados de conservadorismo e revolução, respectivamente, ganhando assim conotação mais complexa, o que no caso não é algo positivo, uma vez que faz o problema se tornar mais espinhoso do que já é. Um esquerdista radical qualifica qualquer princípio de conservador sem se dar conta da imensa contradição que isso implica. Depois de consolidada a revolução, o que passa a ser um revolucionário? Um guardião da mudança, que zela pela própria transformação? Não, simplesmente um conservador da ordem que ele próprio estabeleceu!
É possível ainda bater na tecla da própria globalização, indagando a postura do radical de esquerda em relação ao mundo em que vivemos atualmente. Com tudo de novo que a globalização traz, sejam benefícios ou prejuízos, o globofóbico a condena totalmente, pois ela é uma expressão do capitalismo. Justo aquele que se diz revolucionário, se posta como um ferrenho opositor das mudanças! Obviamente, se coloca a questão do tipo de mudança que se está a defender, no entanto, poucas vezes isso ocorre no debate político. É corriqueiro observar um globofóbico vestir o traje mais conservador possível quando muitas vezes é pêgo vociferando contra tecnologias que ele mesmo faz uso constante e que nem mesmo o ogro mais tacanha seria capaz de negar a melhora de condição de vida que tal tecnologia traz. Afinal, um esquerdista é um revolucionário ou um conservador? Ficamos sem saber...
A bem da verdade, as mesmíssimas contradições são notadas em quem se intitula direitista. Muitos que se colocam nesse lado do espectro político defendem com unhas e dentes os dogmas do catolicismo, por mais incongruentes que sejam e são contrários a inúmeros avanços da ciência, ao mesmo tempo que são capazes de defender a devastação ambiental em nome do "progresso". Também não sabemos claramente se o direitista é conservador ou "progressista", como costuma dizer para escapar do epíteto de "revolucionário".
Como se pode notar, introduzir o matiz da política em questões que são em sua essência filosóficas, no mais das vezes não ajuda a obter uma resposta, só obscurecendo a capacidade de reflexão. Não tenho a pretensão de responder de maneira inteiramente objetiva ao problema que formulei de início. Isso fugiria mesmo ao âmbito das Humanidades, além do próprio fato de ser uma interrogação difícil para ser respondida de imediato.
De todo modo, penso que não existe, na realidade, uma oposição entre princípios e transformação, o que poria em xeque o título do artigo. No fundo, manter certos princípios, é condição sine qua non se torna impossível compreender e lidar com as mudanças que vivenciamos a cada dia. Para qualquer radical, de um ou outro extremo do espectro político, a resposta à pergunta seria um SIM peremptório, pois pessoas assim pensam com base em sistemas unívocos que conferem pouco ou nenhum espaço de manobra ao indivíduo, isto é, num mundo transformado, no qual os tais sistemas entram em colapso, os princípios se arruinam junto com esse turbilhão. A lógica dos sistemas unívocos é sempre perversa, acaba com a previsibilidade das leis, opera a partir da intimidação e da vigilância e assim, torna impraticável a manutenção dos princípios, já que estes seriam uma arma contra a opressão. Como refletiu Hannah Arendt, totalitarismos buscam a supressão do que há de mais humano no Homem, isto é, a capacidade de reflexão e discernimento.
Os verdadeiros princípios porém, podem sobreviver aos sistemas unívocos, dando a quem os possui, capacidade de lidar com transformações que são positivas, ou manter postura crítica em relação ao que é negativo. Desse modo, por exemplo, vê-se com a maior aprovação os avanços da medicina ou da produção de novos materiais e novas formas de obtenção de energia, que são muito menos impactantes ao ambiente. Por outro lado, reprova-se com veemência a devastação da natureza ou a falta de tolerância e solidariedade, tão fáceis de se observar nos dias de hoje. Princípios sólidos, que independem de sistemas, ajudam ainda a distinguir posturas ideológicas críveis ou não. Sendo assim, condena-se inteiramente qualquer forma de racismo, conceito já desmentido pela ciência e que se traduz por um infundado desejo de manutenção de pureza biológica, como se o fenótipo determinasse traços de caráter. Reprova-se também o culto à ignorância comum em nossa atualidade, onde o conhecimento e a erudição são descartados até mesmo por quem deveria valorizá-los ao máximo, como professores universitários ou homens de estado.
Um materialista de plantão poderia estar pronto para desferir sua flechada venenosa contra o conceito de "princípio" o qual ele certamente qualifica invariavelmente de "abstração". Cabe colocar que esse conceito tem a ver com aquele "dever interior" o qual mencionei no artigo anterior. É uma questão ética, para a qual sempre vale a diferenciação fundamental entre o certo e o errado. O que sempre irá existir são coisas positivas e negativas. Sistemas unívocos saídos de pesados tratados como O capital ou Minha Luta, é que se revelam abstrações perversas quando tentados na prática.
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