É fato banal e sabido por muitos mundo afora, que economias cujo foco principal se concentra na exploração de recursos naturais, principalmente o petróleo, estão bem longe de ser desenvolvidas. O acesso à riqueza gerada por esse tipo de recurso é apanágio único e exclusivo, conforme o caso, dos chamados sheiks do petróleo (na maior parte dos países do Oriente Médio) ou de autocracias governamentais (na Venezuela, no Equador e na Indonésia). Enquanto isso, o quadro brutal de desigualdade faz com que a maioria da população dessas nações tenha que comer o pão que o diabo amassou na dependência da agropecuária rudimentar para se manter. Não é à toa que nesses paises os governos sejam absolutamente nacionalistas e autoritários, pois eles próprios se locupletam dos petrodólares, tampouco são governos que investem na diversificação da economia (qualquer semelhança com o que vem se delineando no Brasil de hoje, não é mera coincidência). No Oriente Médio, por exemplo, as nações mais prósperas são Israel e Turquia, não-produtoras de petróleo, exatamente porque possuem indústria mais desenvolvida e diversificada e terciário mais avançado. O único caso de nação petroleira que foge um pouco à regra se dá com os Emirados Árabes, que ultimamente abriu sua economia ao turismo internacional. De modo geral, é fácil notar que nenhum membro da OPEP é desenvolvido, muito pelo contrário, são países pobres, ou no máximo emergentes, como o próprio Emirados Árabes ou o Kuwait, cuja política tem grau um pouco menor de autoritarismo.
Mesmo a despeito dessa obviedade, já exaustivamente discutida há tempos por tantos analistas, o Brasil, terreno fértil do estatismo fossilizado desde a Era Vargas, passando pelos milicos e chegando ao atual governo, continua pródigo em lançar os mais ridículos clichês provenientes de tal mentalidade provinciana. No ano passado Lula divulgou o marco regulatório da exploração da camada do Pré-Sal, acompanhado do patético slogan (referindo-se ao petróleo) "Patrimônio da União. Riqueza do Povo. Futuro do Brasil". Do ponto de vista econômico, é uma balela difícil de ser superada em seu equívoco. Mas quem no Brasil consegue enxergar essa falácia? Poucos, muito poucos. Do ponto de vista ideológico, entretanto, tem funcionado como uma arma poderosa no discurso populista do PT, já que ciente do viés estatólatra de grande parte da população tupiniquim, o tema do "petróleo é nosso" tem aparecido a todo momento na campanha eleitoral de 2010. Campanha essa que se resume à comparação entre o governo atual e o anterior, ainda que a comparação seja completamente non sense e carente de parâmetros. Jamais a privatização da Petrobrás foi discutida a sério, governo nenhum aventou a possibilidade de leva-lá a cabo. Não é nada surpreendente que nos grotões da ignorância, aqueles que são vítimas e mentes cativas do assistencialismo petista, nada saibam sobre o assunto e caiam como mosquitos ingênuos na teia dessa propaganda nefasta. Estarrecedor é o fato de muita gente com nível de instrução suficiente comprar e bater o pé em defesa do discursinho mentiroso e arcaico do atual governo.
Como se não fosse a tão evidente questão ambiental, um assunto planetário, que por isso mesmo não atrai a atenção das umbigadas nacionalistas e que manda diminuir o afã do petróleo, (já abordei aqui o potencial eólico e solar do país, desprezado pelo governo do PT, que cortou verbas dos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia) o tema do petróleo envolve para o Brasil outros pontos que são varridos para baixo do tapete no atual governo.
Para aqueles que tecem loas ao petismo, cabe perguntar no que se traduz exatamente o lema do "petróleo é nosso". Nos investimentos que a Petrobrás realiza em países latinoamericanos nos quais grassam ditaduras? Ou no aparelhamento partidário e fisiológico que essa estatal sofre? Em função disso, será que a Petrobrás é realmente pública, será que seus altos cargos são preenchidos a partir de critérios meritórios? Quem sabe o lema do "petróleo é nosso" não se materialize na verba destinada às ONG´s petistas? Sobre isso, alguém já se perguntou como uma ONG pode ter partido? O que são ONG´s no Brasil? No governo do PT, têm sido braços do próprio governo. ONG´s a serviço do governo..., trágico! E as verbas que a Petrobrás repassou à cooperativa do MST? O petróleo é deles! E a CPI da Petrobrás? Por que o atual governo jamais foi em frente nessa discussão? Voltando ao tema ambiental, o governo alguma vez discutiu, de modo superficial ao menos, os possíveis impactos ecológicos que podem resultar da exploração nas águas profundas do Pré-Sal?
A balela do "petróleo é nosso" continuará a ser propalada pelo governo, muitos incautos permanecerão comprando essa cretinice, nada mais do que a cara do Brasil. Se a candidata do governo nas eleições presidenciais vencer o pleito, a demência do ouro preto invadirá de modo mais agressivo as mentes sujeitas à propaganda autoindulgente, característica do autoritarismo petista. Todavia, ainda é tempo de evitar a tragédia do continuísmo Lula-Dilma (Zé Dirceu). Que prevaleça, então, o bom senso, se é que ele ainda existe...