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domingo, 10 de outubro de 2010

A hora do bom senso


De acordo com a primeira pesquisa de intenção de voto para a presidência da República no 2° turno, divulgada ontem (09/10) pelo Datafolha, e a partir do que já se verificou no 1° turno, no qual a vitória da candidata petista dada como certa não se confirmou, a disputa de 31/10 deverá ser acirrada. O candidato do PSDB, no entanto, ainda precisa tirar uma diferença significativa em relação à sua adversária para que possa se sair vitorioso.
Não é difícil projetar uma derrota do PT caso a maior parte do eleitorado que votou em Marina Silva, independente de qualquer aliança política que possa ser costurada, usasse o bom senso e desse seu voto para José Serra. Quem votou na candidata do PV o fez por falta de opção, porque tem restrições tanto quanto a Dilma, como também ao tucano. A diferença é que agora no 2° turno, não restam opções, ou vence o menos pior, que pode ter vários defeitos, como por exemplo, a falta de ideias novas a respeito de ciência e tecnologia, ou mesmo sobre meio ambiente, ou permanece no governo o partido que, além dos mesmos vacilos da parte tucana, já se mostrou capaz de tudo pelo poder, que adota práticas populistas para iludir a massa de pobres, que mantém os privilégios dos ricos, que enforca a classe média, que aparelha a máquina pública e que possui claríssimo e inegável perfil autoritário. Com maioria no Congresso, a chance do PT fazer avançar ainda mais sua sanha bolchevique é bastante grande. Seria uma tragédia para o já combalido Brasil.
Marina Silva nunca esteve preparada para comandar o Executivo. É uma figura política sem expressividade e sem força, haja vista que durante seus anos de ministério no governo do PT, nunca conseguiu colocar em prática qualquer uma de suas políticas ambientais. Aliás, alguém sabe quais são as ideias de Marina -  ela que construiu seu perfil político com base na defesa ecológica - acerca do tema? Obviamente, o insucesso da acriana como ministra do Meio Ambiente não foi apenas culpa sua, dado que um partido da linha ideológica do PT jamais teve preocupações em relação a isso, mas a inépcia ajuda a revelar sua fraqueza. No fim das contas, teve de deixar o partido de Lula e Dilma. Seu estereótipo bonzinho, de fala mansa e suposta ponderação, nunca foi mais do que muleta de discurso, artifício típico a denotar carência de ímpeto e poder de realização. Quem sabe um dia Marina Silva não venha a ser uma figura política de peso? Cabe lembrar a reboque, que durante o governo PT, o desmatamento na Amazônia atingiu recorde histórico em 2008/2009, (Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente em maio de 2008) sem mencionar o Cerrado, que vive situação ainda mais desesperadora. O governo do PT, seus ideólogos e os ruralistas (dentre esses últimos, a maioria eleita na semana passada para representá-los no Congresso, apoia o PT) nunca mencionam o Cerrado, já que o plantio de soja que devasta cada dia mais esse ecossistema é a base principal do agronegócio que sustenta o ilusório crescimento do PIB no governo Lula, salientando-se o fato de que mais de 90% dessa soja não se destina ao consumo humano.
No embate político vigente no Brasil, adeptos festivos do petismo, aqueles que caem no papo furado de tantos professores uspianos e puquianos, todos eles beneficiários de feudos obtidos por meio do jeitinho brasileiro no interior da máquina pública, recorrem desesperados ao argumento da falência da educação paulista supostamente causada pelo PSDB. Balela total! A educação  pública vai de mal a pior no Brasil inteiro desde a época da ditadura militar (que Lula tanto gosta de citar positivamente), bem antes dos tucanos existirem. Não que esses tenham feito melhoras no sistema educacional de São Paulo, muito pelo contrário, mas daí creditar o sucateamento aos mesmos, é má fé ideológica. Ademais, quem são os petistas para falar em educação se o seu Sassá Mutema é o apedeuta mor da nação?!
Outras falácias do petismo abordam os números da economia, hipoteticamente melhores na era Lula do que no governo de FHC. Primeiramente, como já vem sendo ressaltado por analistas isentos e pelos próprios dados do IBGE sobre o IDH, o crescimento do PIB lulista é ilusório, baseado em commodities e brutal com relação ao meio ambiente. Segundo, aqueles que boicotaram exaustivamente o ajuste da economia, feito por FHC, não podem abrir a boca para mencionar esse assunto. Se hoje existem números melhores do que nos anos 90, a reforma econômica tucana é que possibilitou ao PT surfar na onda.  Fora isso, também é má fé ideológica comparar o Brasil de 15 anos atrás com o de hoje. Essa gente petista não entende mesmo como funciona a economia globalizada! Curioso que Lula e os petistas não fazem cerimônia para falar de "herança maldita", mas nunca tiveram a honra de pensar na "herança bendita".
Finalmente, as privatizações não poderiam deixar de ser alvo da demonização petista. No caso da telefonia, quem tem um mínimo de memória sabe o quanto a burocracia do monopólio estatal no setor atrasava a vida e sugava o bolso do cidadão. Se hoje o serviço tem falhas, por outro lado, proporciona poder de escolha e preços acessíveis, graças à concorrência. A crítica das viúvas do Estado é ainda mais forte quanto à Vale e à CSN, no que então não custa sempre lembrar que o prejuízo dado por ambas quando pertenciam ao monopólio estatal era monstruoso. Hoje, além de serem lucrativas, cerca de 60% do capital é nacional. A manjada tese estatólatra das "perdas internacionais", que faz com que os petistas deem as mãos ao defunto Brizola, não passa de embuste deslavado! Agora, cabe perguntar a esse pessoal o que têm a dizer sobre a privatização da máquina pública, essa sim criminosa e típica das práticas políticas do PT. Tudo para se manter no poder, não é mesmo?
Marina foi boicotada enquanto ministra no governo petista, Marina deixou o PT. Marina filiou-se ao PV, partido que se mostra avesso ao autoritarismo. Não sabemos ainda se a acriana e seu partido darão apoio a alguém na disputa do 2° turno, considerando ainda que uma aliança política, especialmente no Brasil de hoje, costuma escapar à questões de ponderação. Independente disso e deixando de lado as alianças e o partidarismo, qualquer dúvida sobre qual deve ser o voto do eleitor de Marina em 31/10, já está desfeita há muito. Apenas sou mais um, dentre tantos, a fazer coro contra o que há de pior na história da política brasileira na Nova República, isto é, contra aquilo que se chama PT.
Oxalá a luz da razão possa emanar os ares de sua bonança e se fazer presente com toda força na mente do eleitor brasileiro, ao menos entre os marineiros!

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