Com a morte de Osama Bin Laden o mundo se tornou melhor, nada mudou, ou as coisas se tornaram piores? Pareceria um enorme contrassenso em qualquer situação que não envolvesse os EUA, mas muita gente prefere a terceira opção de resposta, mesmo que para a maioria delas, na verdadeira pior das hipóteses, nada tenha mudado, nem vá mudar.
O anti-americanismo deitou raízes em grande multiplicidade de regiões além do próprio Oriente Médio, no qual as razões desse sentimento podem ser discutidas historicamente. Em outras paragens, não passa de ideologia pueril de esquerda, fomentada muitas vezes por gente que aproveita as benécies do capitalismo e por jovens rebeldes sem-causa que jamais trocariam um Big Mac por um lanche vegano ou música pop descartável por um Albinoni ou por um Scriabin. Também nesse caso, poderia se arriscar uma interpretação histórica, afinal, tudo é história, mas não vou me ater a isso, uma vez que as reflexões acerca do tema existem, podem e devem ser buscadas. Meu intento será tão somente colocar em discussão certas opiniões e tendências com as quais tomei contato - fosse pessoalmente, fosse por meio de leituras e entrevistas na TV - nesses aproximados dez dias que se sucederam à morte do terrrorista mais procurado de todos os tempos.
Assim que a notícia da morte de Bin Laden passou a correr o planeta, logo de imediato, alguns que se orgulham de um tipo de ceticismo acrítico, encerrado em si mesmo e, logicamente, também provido de anti-americanismo, se manifestaram com grau de indignação bem mais acentuado do que deveria sugerir sua opinião blasé, afirmando categoricamente que tudo não passou de uma farsa, algo genuinamente hollywoodiano, montado pelo poder norteamericano a fim de, uma vez mais, transmitir a ideia de que os EUA mantêm pleno domínio sobre a Terra - quiçá, mais ainda do que sobre a Terra...: passados 41 anos, ainda há gente estúpida o suficiente, crente em qualquer teoria conspiratória, exceto em evidências, disposta a afirmar que as missões Apollo também foram farsas. É certo que no caso de Bin Laden estamos a tratar de um assunto menos passível de especulações, em relação ao qual o argumento de que interessaria à reeleição de Barack Obama dar Bin Laden como morto, tem lá algum fundamento. Ninguém irá negar que o presidente norteamericano se beneficia enormemente com o fato e que poderá explorá-lo à vontade no intuito de permanecer na Casa Branca por mais 4 anos, contudo, Obama precisa de bem mais do que a cabeça do terrorista para se reeleger, logo ele, o presidente mais cobrado pela opinião pública nos EUA desde Richard Nixon. Fora isso, forjar a morte de Bin Laden sem que essa tivesse realmente ocorrido, jogaria contra os interesses norte-americanos em duas frentes. Primeiro, porque quem mais tiraria vantagem da teoria do falso-defunto seria o próprio Bin Laden, dado que seria mais fácil continuar escondido e comandando ações com uma parte das pessoas, pelo menos, acreditando que ele estivesse morto. Segundo que, estando vivo, mais cedo ou mais tarde Bin Laden daria sinal de vida, desmascarando toda a “farsa”, o que então faria Obama sofrer um achincalho moral e uma descrença sem precedentes. Só se o presidente dos EUA fosse um total idiota iria escolher passar por um risco desses. Caso se tratasse de George W. Bush, eu acreditaria nessa tese, mas sendo Obama, definitivamente, estamos diante de mais uma sandice conspiratória antiamericana.
O ceticismo tolo já começa a esmorecer após os poucos, mas evidentes sinais de que a operação que deu fim a Bin Laden foi de fato empreendida com todo sucesso. Restando apenas aos mais bobos entre os bobos continuar sustentando posições conspiratórias, o anti-americanismo não deixa de mostrar seu rosto por meio dos ditos “especialistas” pondo-se a debater a legalidade ou não da ação norte-americana. O tom não varia, isto é, segundo os próceres do antiamericanismo, a ação foi ilegal e unilateral, configurando uma execução a sangue frio - segundo o próprio serviço secreto dos EUA, Bin Laden estava desarmado - motivada por vingança. Precisa ser “especialista” para despejar tais platitudes? Evidentemente, é necessário pensar de modo menos ideológico se o objetivo for chegar a alguma conclusão livre de reducionismos. Segundo a tese da ação ilegal, apoiada em convenções internacionais, qualquer criminoso deve ser julgado em tribunal, tendo direito à defesa. OK, não há como ir contra isso em essência, mas será minimamente racional supor que Bin Laden pudesse ser julgado tal qual se faz com um criminoso comum? Bin Laden não era um criminoso comum, era um terrorista internacional de altíssima periculosidade, responsável por ceifar milhares de vidas, inclusive de muçulmanos, em inúmeros atentados, caracterizados, como qualquer ação de cunho terrorista, pelo elemento furtivo e pelo objetivo de atacar civis. Os custos e as pressões envolvidos num julgamento de Bin Laden seriam imensuráveis e tudo terminaria inexoravelmente na condenação à morte do terrorista. Não há como levantar outra hipótese diante do teor dos crimes perpetrados pelo líder da Al Qaeda. Alguém, aliás, poderia supor desfecho diverso considerando as vítimas do 11 de setembro? Isso para não mencionar os outros atentados assumidos por Bin Laden: Quênia, Tanzânia, Bali, Madrid, Londres...
Ainda na esteira dos argumentos contra a ação no Paquistão, afirmou-se que faltou transparência por parte do governo norte-americano. É surreal, mas há analistas de renome capazes de defender tal ideia. Colocações desse tipo não mereceriam nem mesmo ser lembradas, no entanto, o faço a título de humor. Claro, os EUA deveriam expor em detalhes todos os passos de uma operação “secreta” para capturar o sujeito mais procurado do universo! Deveriam bater cara e dar tempo para Bin Laden se esconder..., vamos lá, mocinhos maus contra terroristas bonzinhos que sempre agiram na intenção de reparar os males causados pelo império norteamericano! Só pode ser piada!
De minha parte, não posso deixar de pensar que o mundo ficou melhor na ausência de um terrorista do calibre de Bin Laden, pois terroristas, por definição, são meus inimigos. Mais do que obviamente, a guerra ao terror não termina com o acontecimento em questão, mas a força simbólica da eliminação do líder da Al Qaeda é inconteste, assim como, em certa medida, contribui para enfraquecer os jihadistas. Vale sempre frisar que o combate ao terrorismo não é só dos EUA, como muitos desavisados parecem acreditar, mas de qualquer governo e de qualquer indivíduo comprometido com a liberdade. É uma guerra travada de parte à parte, pelo menos enquanto houver aqueles que se opõem de modo radical e recheado de ódio a valores ocidentais, cultivados inclusive por quem, no próprio Ocidente, “acha legal” e intelectualmente sofisticado ser anti-americano, como se esses valores ocidentais não fossem greco-romanos, medievais ou iluministas. A guerra é contra o terrorismo, assim como a guerra contra o crime, contra a delinquência, contra a intolerância, contra o ódio, jamais uma guerra de civilizações, como no mito huntingtoniano que vê as culturas impenetráveis umas às outras, como blocos estanques incapazes de se relacionar e estabelecer trocas.
Não desprezo o fato de que os EUA cometeram e cometem erros terríveis em sua política internacional, sobretudo quando o país não se esforça, juntamente com Israel, também ele pródigo em vários equívocos, no sentido de uma solução racional e dialogada para a questão Palestina, infelizmente mais distante de ser alcançada a cada erro, mas isso não é incompatível, muito pelo contrário, com a confiança de que irá ser melhor para os próprios muçulmanos se sujeitos como Bin Laden deixarem cada vez mais de estar associados com o Islã e com a cultura que o acompanha.
Igualmente, não posso deixar de condenar veementemente os horrores de Abu Ghraib e de Guantánamo, mácula indelével que só depõe contra o ideal da liberdade, porém, não caio nas críticas fora de foco que confundem governos, cultura, sociedade e indivíduos e que desaprovam tudo que é yankee, só por ser yankee. Atirar para onde estiver virado faz a própria crítica se tornar estéril, levando à atitude infantilóide do "eu odeio os Estados Unidos". Quanto a esses anti-americanos, fiquem sossegados, pois vosso papo “intelectual”, regado a cerveja, barba e marxismo estará mais garantido quanto menos terroristas existirem, assim como o Big Mac dos jovens “politizados”, filhos dessa ideologia extemporânea.
Não desprezo o fato de que os EUA cometeram e cometem erros terríveis em sua política internacional, sobretudo quando o país não se esforça, juntamente com Israel, também ele pródigo em vários equívocos, no sentido de uma solução racional e dialogada para a questão Palestina, infelizmente mais distante de ser alcançada a cada erro, mas isso não é incompatível, muito pelo contrário, com a confiança de que irá ser melhor para os próprios muçulmanos se sujeitos como Bin Laden deixarem cada vez mais de estar associados com o Islã e com a cultura que o acompanha.
Igualmente, não posso deixar de condenar veementemente os horrores de Abu Ghraib e de Guantánamo, mácula indelével que só depõe contra o ideal da liberdade, porém, não caio nas críticas fora de foco que confundem governos, cultura, sociedade e indivíduos e que desaprovam tudo que é yankee, só por ser yankee. Atirar para onde estiver virado faz a própria crítica se tornar estéril, levando à atitude infantilóide do "eu odeio os Estados Unidos". Quanto a esses anti-americanos, fiquem sossegados, pois vosso papo “intelectual”, regado a cerveja, barba e marxismo estará mais garantido quanto menos terroristas existirem, assim como o Big Mac dos jovens “politizados”, filhos dessa ideologia extemporânea.
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