Voltei de viagem e logo estarei postando a respeito da expedição que realizei em certos locais do Sul do Brasil. Antes, porém, devo escrever sobre o assunto Copa do Mundo no Brasil em virtude da oficialização por parte da Prefeitura da Cidade de São Paulo, da isenção fiscal de R$ 420 milhões concedida ao SCCP para a construção de seu estádio, que deverá abrir a competição.
Não faço a menor questão dessa malfadada Copa - que usará e abusará de recursos públicos - em solo brasileiro, muito menos no Estado de São Paulo. Farei questão, isso sim, de estar bem distante do país no exato período em que o torneio irá se realizar e, para tanto, já começo a planejar uma viagem ao exterior, o que me poupará, ao menos em parte, da idiotice, da falta de indignação perante os absurdos e do ufanismo, elementos típicos da cordialidade brasileira, ao contrário do que pensa o péssimo comentarista e historiador de botequim, o Sr. Lúcio de Castro, da ESPN Brasil.
Dito isso, ainda que eu não dê a mínima para a competição em si, ela que se tornou não mais do que um evento particular da FIFA, com todos os seus escândalos de corrupção, como cidadão, não posso me furtar à própria indignação diante das ignomínias da classe política e dos dirigentes esportivos do país. O prefeito, Sr. Gilberto Kassab, afirmou durante o evento da assinatura da isenção, que a abertura da Copa sendo realizada em Itaquera, a cidade obterá um retorno de mais de R$ 1,5 bilhão (ele não considera os valores que a Prefeitura deixará de arrecadar devido à isenção, o que reduzuria essa soma). Pergunto onde está o estudo que permite tal asseveração, se é que o mesmo existe. Se existir, quem o fez? Por que nenhuma autoridade ou especialista ainda não veio a público explicar detalhadamente como se alcançará essa cifra?
Supondo que haja estudo comprovando o valor declarado e que alguém venha futuramente a detalhá-lo, - e aqui seria preciso estar imbuído de uma esperança muito inverossímil - ainda assim permanecem aspectos totalmente inexplicáveis. O Palmeiras está construindo um estádio com capacidade praticamente igual ao de Itaquera, sendo que o custo é quase 2,5 vezes inferior, além do que as verbas utilizadas são inteiramente particulares. Caso a abertura da Copa fosse realizada na Arena Palestra Itália, sem ter que conceder centavo algum de isenção fiscal, a Prefeitura poderia obter a mesma quantia de retorno que ela própria garante que atingirá. Ou seja, os lucros seriam bem maiores, aproximadamente de R$ 1,1 bilhão com Itaquera, contra R$ 1,5 bilhão no caso do estádio palmeirense, uma diferença, para mais, de R$ 400 milhões, valor superior, inclusive, ao custo da Arena Palestra Itália.
Nenhum político ou dirigente traz esses dados à tona e os coloca em discussão, o mínimo que se esperaria em uma real democracia. Por outro lado, pululam os discursos vazios, recheados de informações estranhas e duvidosas, enquanto muita gente idiota comemora, achando o máximo o fato de que seu time terá um estádio. Esses mesmos são aqueles que continuarão a ter seu dinheiro usurpado devido à excessiva carga tributária brasileira, e os mesmos também que não podem contar com serviços públicos básicos minimamente qualitativos, tais quais educação, saúde, segurança e transporte. Esse é o país da Copa, esse é o país em que vivemos. É a cara do Brasil!
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