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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quo vadis, Dilma?


Passados nove meses da presidência de Dilma Rousseff, há pouco de novo o que refletir sobre seu governo, até porque a sucessora de Lula ainda não deixou claro a que veio, um absurdo depois desse tempo na gerência do país. No máximo, é possível compará-la com o ex-presidente, em relação ao qual ela tem algumas vantagens, mas também, vários pontos negativos em comum, sobretudo a incapacidade para realizar as mudanças estruturais necessárias, sem as quais o Brasil não sairá de seu atraso institucional e socioeconômico.
Ao contrário de Lula, Dilma é muito mais discreta e bem menos autoindulgente, mais preocupada com o cotidiano administrativo e menos palanqueira, o que seria bem significativo se ela pudesse usar tais características para se desvencilhar de seu antecessor, o pior político que já governou o país. Acontece que a presidente não tem como fazer isso, pois é Lula quem fornece o lastro velado que possibilita a governança dilmista. Arrisco afirmar que todo o mandato de Dilma irá se desenrolar sob o prisma do banho maria, tática que atende bem ao objetivo de deixar o terreno em pousio até que o ex-presidente retorne como presidenciável em 2014.
Na semana anterior Dilma discursou na ONU, causando aquele típico furor ingênuo entre seus correligionários. Nada surpreendente em se tratando da militância petista que, historicamente e em qualquer situação, coloca o partidarismo bem acima dos projetos de governo. Estranho, isso sim, foi ter observado a presidente malhando o Partido Republicano dos EUA por ser partidarista, ao mesmo tempo em que ela é do PT, a mais partidária das siglas brasileira. Por sinal, as contradições deram a tônica do fraco discurso de Dilma, obedecendo ao velho “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Primeiro, como mulher ocupante do cargo de líderança máxima da nação mais influente da América Latina, ao menos em tese,  ela abordou o feminismo, mas sem que o assunto tenha sido alguma vez utilizado como mote de sua campanha e de seu programa. Oportunamente, ela se disse favorável à criação do Estado Palestino, porém, não fez qualquer menção crítica aos governos tirânicos do mundo árabe, algo que inclusive, tem muito a ver com a condição feminina.
Dilma discursou também a respeito do protecionismo, atacando países europeus que adotam a prática, no entanto, falou isso dias depois de ter autorizado o aumento do IPI sobre veículos importados, medida absurda, inexplicável, tiro fatal na tentativa de obrigar as montadoras brasileiras a entrar na competitividade. Com o aumento desse imposto, o governo promove dois disparates de uma única vez, isto é, passa a causar receio no investidor estrangeiro e mantém no atraso a parca indústria automobilística nacional. Se quisesse tomar uma medida saudável e inserir o automóvel brasileiro na corrida de mercado, teria reduzido os impostos, que chegam a alcançar cerca de 37% do valor de compra, o dobro verificado em outros países emergentes. Levantar essa bola no Brasil, porém, é ser “neoliberal”. Em termos de política interna, as contradições não se diluíram, muito pelo contrário. Dilma fez uso do clichê “substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo”. Bonito e... ordinário! É o pessoal do partido dela que ainda vê a globalização como imposição econômica e unilateral dos países do Norte, são os mesmos que acreditam na aplicação de teorias desenvolvimentistas e estatizantes para o mundo atual e que enxergam no liberalismo não mais do que uma ideologia burguesa.

O Brasil precisa de uma renovação urgente em seus alicerces, que permanecem fincados no lodaçal do paternalismo, do clientelismo, do populismo, dos interesses familistas e dos privilégios da casta política, mas Dilma não tem estofo nenhum para enfrentar os fantasmas da velha (des) ordem nacional. O próprio PT nunca foi marcado por interesses verdadeiramente modernos e democráticos, ilusão de tanta gente que não tem noção alguma a respeito de democracia. Foi um partido que nasceu apenas na tentativa de fazer valer o seu autoritarismo, sobre outro, então vigente.
A inépcia do governo Dilma, como já ocorria na era Lula, comprova-se na medida em que certos índices são postos em análise: o investimento em educação é de aproxidamente 4,5% do PIB, metade do que se gasta em países desenvolvidos, algo gravíssimo para uma nação que vai bem mal das pernas nesse indicador; em tecnologia, não passam de 1,6%, até quatro vezes menos do que o recomendável; finalmente, no tocante aos gastos com meio ambiente, o Brasil fica abaixo de inúmeras outras nações, com R$ 4,43 por hectare, relação péssima entre a extensão das áreas a serem preservadas e as despesas investidas na preservação. É inconcebivel que num país com carga tributária tão pesada, os investimentos em setores chave do desenvolvimento socioeconômico se situem em patamares bem abaixo do necessário. Governo que gasta muito no que não deve - vide eventos esportivos inú
teis - e pouco no que é preciso. E então, presidente Dilma Rousseff, cadê a reforma tributária, cadê a correção dos investimentos devidos?!
A atual presidente do Brasil está há nove meses no cargo e sua administração efetiva ainda não se iniciou. Fica evidente a falta de habilidade, personalidade, coragem e interesse de Dilma Rousseff em lidar com os problemas do país e dar um jeito na falência de nossas instituições. Poderão afirmar que, pelo menos, ela vem promovendo a tal faxina contra a corrupção, o que não seria pouco. Acreditei nisso até que Dilma trocou o ministro do Turismo por um apadrinhado político do clã de Sarney. Para onde vais, Dilma Rousseff? Certamente, vai na contramão do desenvolvimento. É a cara do Brasil!

Um comentário:

  1. Reforma tributária para ela é tentar trazer de volta a CPMF e aumentar o IPI de carros importados que entraram em concorrência com as carroças nacionais de igual valor. O retorno que a população terá com esses tributos é ver o país sediar a copa. O povão gosta disso.

    Fernanda

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