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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

2012 resenhado


Neste ano que está por se encerrar não fiz tantas leituras quanto gostaria, pois estive ocupado com afazeres que me consumiram um bom tempo, mas mesmo assim não deixei de estar mergulhado em certos livros que vou comentar na última postagem de 2012.
De 2009 para cá tomei contato com as excelentes biografias de Josef Stalin e Winston Churchill, escritas respectivamente por Simon Sebag Montefiore e Lord Roy Jenkins. Estava faltando apenas Adolf Hitler para completar a tríade de chefes de Estado que marcaram o contexto  da Segunda Guerra Mundial. Foi então que durante os meses de janeiro e fevereiro percorri as mais de mil páginas de Hitler, do historiador inglês Ian Kershaw. A obra é apontada como a melhor biografia do Führer, apreciação que se confirma ao longo da leitura. Kershaw obteve grande mérito ao destrinchar os meandros da personalidade de Hitler, o que faz de seu livro uma biografia não só histórica sobre o homem que projetou a destruição do Ocidente, mas também uma profunda análise psicológica da mente doentia desse mesmo homem. Chama atenção a maneira pela qual Hitler, desde a juventude em Viena, teve seu intelecto moldado tanto por circunstâncias da própria vida, como por fatores históricos, elementos que, combinados de modo sui generis pelo fanatismo característico do líder nazista e potencializados pela própria sociedade alemã, compuseram a mistura explosiva e belicista que por pouco não conduziu o Ocidente ao colapso completo. Daí, quando se lembra da figura de Churchill, ela assume ares ainda mais importantes, já que foi ele quem segurou sozinho a Alemanha nazista em 1939 e 1940. Depois de lidas as biografias dos três líderes, é impossível não considerar Churchill uma das personagens históricas mais notórias do século XX, ao mesmo tempo em que Stalin e Hitler não podem ser vistos senão como psicopatas portadores e vetores de ideias execráveis.
Apenas um único aspecto é passível de crítica na obra de Kershaw: o autor aponta o nazismo como sendo uma filosofia de direita, caracterização que muitos analistas têm rejeitado, dentre os quais eu me incluo. Costumo pensar que as utopias que marcaram a primeira metade do século XX são mais bem classificadas e entendidas se apontadas como totalitárias, importando menos a questão do espectro político. Assim sendo, ainda que nazismo e comunismo sejam diferentes no conteúdo, ambos atuam, de início, como as duas extremidades de uma linha, porém acabam se juntando e formando um círculo: o ponto de junção é exatamente onde se situam, ou seja, são extremamente próximos na forma, quase fundidos um ao outro. Se o comunismo é uma utopia que pretende construir o Paraíso futuro, varrendo da história qualquer coisa que os próceres da doutrina considerem obstáculos à causa, o nazismo é uma utopia que pretende resgatar o Paraíso perdido, também eliminando tudo que os nazistas acreditem representar a modernidade. Aqui vale mencionar Michael Oakeshott e salientar que o conservadorismo não é uma filosofia reacionária, pois sua preocupação é com o presente, com a manutenção de interditos morais que garantem a conservação da liberdade. Projetar o idílio futuro ou recuperar a Idade do Ouro é sempre totalitário. Conservar, como dizia Goethe, é guardar e proteger. Guardar e proteger aquilo que é universal, permanente e imutável e que as pessoas podem e devem carregar em sua interioridade, não reconstruir um passado cuja própria temporalidade histórica transforma incessantemente. Guardar e proteger sem destruir violentamente em nome de um futuro idílico que nunca chega e que por isso isenta seus planejadores, crentes ou cínicos de estarem agindo pelo bem, de todas as responsabilidades.
No segundo semestre efetuei a leitura de A imaginação econômica, escrito por Sylvia Nasar. O livro conta a história das transformações socioeconômicas nos séculos XIX e XX por meio da lente dos economistas mais destacados do período. A grande virtude de Nasar é trazer à tona as reflexões de teóricos um tanto quanto esquecidos fora dos círculos da disciplina, - ou mesmo dentro deles - como Alfred Marshall e Joseph Schumpeter. Marshall é especialmente interessante por ter sido o primeiro economista a descobrir a produtividade como elemento de progresso socioeconômico, produtividade essa que só pode ser eficiente no seio de um sistema capitalista, não sendo nem mesmo necessário lembrar que o cálculo é impossível em uma economia socialista.
A autora é igualmente feliz sempre que se põe, sem receio algum de fugir ao senso comum das Humanidades, a analisar as falhas da teoria marxiana. Marx escreveu sobre o funcionamento do capitalismo sem nunca ter entrado em uma fábrica ou mantido qualquer contato que fosse com o proletariado. Como se não bastasse, devido à preguiça intelectual e à necessidade sórdida de confirmar seus (pre)conceitos, Marx manipulou estatísticas à exaustão, usando índices do século XVIII como se fossem válidos para o XIX e desprezando uma série de transformações extremamente acentuadas, típicas do período, que ele próprio procurava analisar. Ainda que essas informações já fossem conhecidas desde a leitura de autores mais antigos, vide a obra essencial de Edmund Wilson, Rumo à estação Finlândia, nunca é demais ressaltar os descalabros de Marx e de seus seguidores, que insistem em fechar os olhos para tudo que derruba impiedosamente suas análises.
Talvez o mais interessante e o maior mérito do livro de Nasar, algo que já fica nítido desde o título da obra, seja o fato da autora mostrar como as ideias são capazes de mover a história. Marx, quem diria (?!), é uma grande prova disso, um sujeito que jamais conheceu o interior de uma fábrica ou que tenha sistematicamente tratado de assuntos econômicos com algum proletário (devemos atribuir a Engels a construção da teoria socialista/comunista?) designou o proletariado como única classe portadora da chamada "consciência de classe", sendo que ele próprio nunca foi um proletário, e ainda por cima defendeu a luta de classes como motor histórico. Passado cerca de um século e meio desde Marx ter erigido sua teoria, mesmo com as tragédias retumbantes provocadas pelas tentativas de colocar o socialismo/comunismo em prática, ela continua a influenciar tantas mentes incautas. As ideias movem a história, às vezes para o bem, às vezes para o mal...
Nos meses de novembro e dezembro estive lendo a recém-lançada biografia de Alexis de Tocqueville (Alexis de Tocqueville: o profeta da democracia) por Hugh Brogan. A obra é extensa e rica em detalhes, mas a impressão que tive é que lhe falta fôlego, talvez, por ser mais narrativa do que analítica. São interessantes os pormenores da vida do jovem Tocqueville, de seu círculo íntimo em termos de família e de amizades, da viagem aos Estados Unidos e da doença que o consumiu lentamente. A análise de Lembranças de 1848 é bem construída, desde a gênese da obra até sua repercussão, mas é um dos raros momentos efetivamente analíticos do livro.
Se Brogan peca pela carência de análise, seu maior erro foi abordar Tocqueville a partir de um prisma estranho ao próprio pensamento do grande liberal que ele foi. Principalmente quando se dispõe a refletir a respeito de A democracia na América e da situação da França na década de 1840, Brogan insiste em fazer uso do conceito de classe no intuito de criticar Tocqueville. Ora, se de fato e pelas circunstâncias ele foi superficial em alguns aspectos, certamente não se pode considerar a origem nobre de Tocqueville, tampouco sua visão de democracia, como fatores para acusá-lo de pouca atenção a questões sociais. Dentre os tantos méritos do multipensador francês, um dos maiores foi ter conseguido romper com os preconceitos estamentais de sua condição de nascimento e nesse sentido ele foi um homem intelectualmente íntegro, politicamente atento e historicamente perspicaz. Tocqueville foi um dos primeiros, senão o primeiro, a perceber que a democracia era um sistema político e sociocultural que havia chegado para permanecer na história do Ocidente. Para ele, a democracia não era uma situação a ser encarada a partir de concepções classistas, que nunca ocuparam papel preponderante em sua obra, mas sim levando-se em conta a legislação, os costumes e a moral como preceitos sobre os quais a ordem democrática deveria se assentar para que não desviasse na direção do despotismo da maioria. O grande problema tocquevilliano, sublime e profundamente atual, nunca foi outro senão pensar as possibilidades de manter a igualdade sem suprimir a liberdade, possibilidade em relação à qual, nunca é demais salientar, ele encarava como perfeitamente plausível, mesmo que sua França envolta em turbulências insistisse em querer apontar o contrário.
Para Tocqueville, todo homem que espera da liberdade algo mais do que a oportunidade mais elevada para o ser humano, a própria oportunidade de ser livre, não passa de uma alma medíocre. É uma consideração que vale pelo caráter de universalidade, permanência e imutabilidade que mencionei mais acima e que assim o coloca no rol dos grandes pensadores da história. Feliz 2013!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Onivorismo: a falácia do condicionamento biológico


"O ser humano é onívoro". Lançando mão deste argumento, muitas pessoas procuram justificar sua escolha em se alimentar de carne. Destaco a palavra "escolha" pois é disso mesmo que se trata quando o assunto é a alimentação na contemporaneidade. Note-se que a afirmação "o ser humano é onívoro" é determinista, dado que remete a uma condição biológica, enquanto as escolhas alimentares orientam-se a partir de lógica bastante distinta.
Será que quando alguém come picanha, linguiça de porco, peixe crú, ou qualquer outro tipo de carne, age movido por uma questão de determinismo biológico, algo que impele o sujeito irremediavelmente sem lhe oferecer oportunidade de escolha? É claro que não, basta pensar por instantes e logo se conclui que aquilo que comemos é puramente escolhido. Na pior das hipóteses, comer carne é um hábito que pode até ser difícil deixar de lado, mas sempre, em última análise, é uma escolha. Hábitos, por mais arraigados que sejam, podem ser mudados se houver força de vontade, sobretudo se forem hábitos perniciosos. Assim sendo, o argumento do onivorismo logo cai por terra. No entanto, é possível recorrer à Antropologia e à História para torná-lo ainda mais refutável.
Biologicamente, animais como o leão ou o lobo são carnívoros, o que significa que na natureza, evidentemente sem o mesmo poder de escolha que o ser humano possui, eles estão condicionados a caçar e se alimentar de carne. Um cão doméstico, como todos sabem, é diferente. Não vivendo em estado selvagem, ao contrário dos lobos e dos cães selvagens, - seus ancestrais - ele adquiriu hábitos humanos, isto é, além da carne, passou a se alimentar também de frutas e legumes, tornando-se onívoro como o Homem. Nesse caso, não houve escolha por parte do cão, mas um dado biológico foi modificado pelo processo evolutivo: a domesticação alterou a condição biológica do cão; do exclusivo carnivorismo do canis selvagem para o onivorismo do canis familiaris. Ressalte-se que atualmente já existem no mercado rações compostas apenas por ingredientes de origem vegetal, o que permite que cães sejam mantidos com alimentação vegetariana. Se até o cão doméstico, desprovido da opção do que comer e cujos ancestrais são carnívoros, consegue viver tranquilamente à base de alimentação vegetariana, o que pensar a respeito do ser humano?
No período Pré-Histórico, durante milhões de anos desde o surgimento dos primeiros hominídeos até bem depois do advento do Homo sapiens sapiens, quando a agricultura se sistematizou por volta do ano 10.000 a.C., os grupos humanos viveram sob a condição do nomadismo. O alimento não estava disponível a todo momento, era preciso ir atrás dele: alimentar-se, por eras a fio, foi algo fortuito. Qualquer um há de convir que quando a comida não está à disposição assim que a fome bate, a escolha com relação aos alimentos fica em risco. Tal situação era regra no mundo pré-histórico, mas não atualmente e, ainda que a pobreza possa causar exatamente o mesmo efeito, não é uma regra para grande parte dos habitantes do planeta, que escolhem tudo aquilo que querem comer.
A evolução é um fato na história humana. Graças à tecnologia, a produção alimentar alcançou níveis que geram excedentes enormes de alimento, por isso não há fome em massa, como acreditava Thomas Malthus. Se muitos ainda passam fome no século XXI, o problema é socioeconômico, agravado, diga-se de passagem, pela pecuária. O certo é que ninguém sai por aí caçando para tentar obter alimento. As pessoas vão ao supermercado e lá encontram uma variedade ampla de alimentos que não contêm carne. A maioria, contudo, escolhe comprar carne, não devido ao onivorismo biológico do ser humano, mas porque quer comer carne, ou porque, aparentemente, a alimentação é um hábito tão trivial que não suscita para esta mesma maioria perguntas como: "de que modo são criados os animais?"; "de que modo são abatidos?" Ou a mais crucial delas, que envolve exatamente a possibilidade de escolha: "é preciso realmente comer carne"?
O Natal é um época, talvez mais do que qualquer outra, na qual a escolha dos pratos que farão parte da ceia mais se aplica. É uma oportunidade ótima para tomar a decisão definitiva de se tornar vegetariano. Como se observa, o argumento do onivorismo é facilmente refutado em vista da existência de inúmeros alimentos isentos de carne. Posso aceitar que muitas pessoas tenham dificuldade para se livrar do hábito de comer carne, mas elas não podem se furtar aos questionamentos filosóficos e ecológicos passíveis de reflexão uma vez conhecidos os malefícios econômicos e espirituais inerentes à pecuária. Se esconder atrás de um condicionamento biológico que não resiste às transformações de fundo antropológico e histórico pelas quais a humanidade passou ao longo de milhões de anos, é somente mais uma frágil tentativa de não encarar de frente as responsabilidades que a alimentação compreende.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Não gosto de gente consciente e moderna. Sou mesmo é alienado e retrógrado!


Nunca foi tão fácil, como atualmente, ser considerado consciente e moderno. É resultado do que costuma ser designado por "inclusão social", um eufemismo (e uma desculpa) para formação deficiente. Ao invés do estudo sistemático, da reflexão acurada a respeito dos problemas que permeiam a vida humana, discutidos pelos mais diversos pensadores, das mais variadas escolas filosóficas e da procura por um pensamento original, abrangente e de tendência universalizante, tudo o que é necessário para formar o cidadão culto, basta seguir como um autômato certos lugares comuns tão frágeis quanto um castelinho de areia à beira-mar, mas que repetidos à exaustão em um contexto massificado, no melhor estilo Goebbels, se tornam verdades absolutas. Nestes termos, pode parecer um tanto quanto abstrato para aqueles que estejam dispostos a ter seu intelecto moldado por imbecilidades, todavia, alguns comportamentos concretos verificáveis em nosso cotidiano funcionam como o melhor dos manuais. Senão, vejamos:
Um sujeito morre com quase 105 anos de idade, quase toda a imprensa cria um dramalhão sentimentalóide em cima do fato e a ralé segue atrás, tal qual um autêntico exército de zumbis. Se antes da morte do ancião comunista, oito de cada dez brasileiros mal possuíam informação sobre a pessoa, as ideias e a obra de Oscar Niemeyer, depois do barulho midiático, é possível que esse número tenha caído para sete, quem sabe seis entre dez?
Ouvi em matéria da Rádio Bandeirantes não sei qual jornalista consciente e moderno (são tantos!) afirmando que o próprio Niemeyer sempre declarava se preocupar não apenas com o lado estético de seus projetos, mas sobretudo com a destinação que seria dada aos mesmos. Será mesmo que ele foi tomado por um laivo sequer dessa tão correta preocupação quando projetou Brasília? Não sei, talvez ele fosse ingênuo quanto ao futuro da política no Brasil, de qualquer forma, não chega a ser o melhor exemplo. Mas e quanto à Arena de Barretos? Ora, seria demais pensar que um comuna pudesse se importar minimamente com a causa animal, mesquinharia tipicamente burguesa. Me ocorreu ser justo indagar se Niemeyer, tão cioso com a utilização ulterior de suas obras, teria se recusado a projetar algum calabouço para presos políticos de ditaduras comunistas, ele que tantas vezes esteve na URSS...
No Brasil, quando um famoso morre, vide Ayrton Senna, Hebe Camargo e agora Niemeyer, é alçado imediatamente à condição de santo imaculado, não importando nada além dos feitos profissionais e artísticos do morto, ainda que estes sejam perfeitamente passíveis de críticas ou relativizações. E ai de quem ousar fazê-las; prontamente é acusado de ofender a memória do morto, incapaz de entender seu legado, alienado e blasfemo. Sr. Niemeyer, "poeta das curvas", "gênio da arquitetura", me desculpe por palavras deveras indelicadas contra alguém que tanto lutou por seus ideais e ainda nos brindou com tão belas obras. Alcancei a consciência e a modernidade, viram como é fácil?!
E por falar em blasfêmia, o vocabulário de conotação religiosa andou passando pelas línguas da esquerda. Logo dela! O mesmo pessoal que não dá um descuido em patrulhar os discursos opostos aos seus cânones, (quatro anos de PUC, sei como poucos o que é isso!) que legitima quaisquer de suas ideias ou atos, por mais inescrupulosos e atrozes que sejam, simplesmente por crer que os mesmos atuem como vetores miraculosos da justiça e da igualdade, é também pródigo em se fazer de vítima. Salvo raríssimas exceções, o discurso esquerdista é só conversa mole: justiça, igualdade,... que nada! Falácias das quais a esquerda se apropriou na tentativa de maquiar sua verdadeira intenção: chegar ao poder, corrompê-lo, destruir suas instituições democráticas e nele se perpetuar. Qualquer leitor colegial de George Orwell com um pouco de personalidade para não se deixar doutrinar por professores amestrados e alinhados com o esquerdismo sabe disso. Mas lembre-se, o legal é ser "consciente" e "moderno", logo, nada de Orwell, que nunca foi capaz de vislumbrar o potencial transformador do comunismo...
No site de uma revista de qualidade inexistente, li uma postagem cujo teor era o seguinte: o STF fez reviver os tempos da Inquisição e de Torquemada, perseguiu arbitrariamente e puniu sem provas. Bravo! Moderníssimo! O autor do post tentou ainda conferir ares de erudição ao seu comentário e citou o ensaio O inquisidor como antropólogo, do historiador italiano Carlo Ginzburg, com isso procurando fazer entender que os ministros que julgaram a Ação Penal 470, exceto uns e outros, forçaram a condução e o desfecho do que já haviam concluído até então segundo interesses outros que não a lisura jurídica. Como se percebe, o comentário não fez mais do que papagaiar o fraquíssimo discurso do ministro Dias Toffoli proferido em uma das sessões do julgamento. Quem acompanhou minimamente a atuação dos ministros pôde notar com clareza a superficialidade das apreciações de Toffoli, - reprovado duas vezes em concursos para a magistratura estadual paulista - bem como seu conhecimento jurídico bem abaixo da média de seus companheiros de STF, mesmo aqueles que tentaram de todas as formas dar uma mãozinha aos envolvidos no escândalo do Mensalão. A idiotice da postagem salta aos olhos, pois continuar batendo na tecla de que o julgamento se fez sem provas é no mínimo imoral, é tapar os olhos para uma enxurrada de evidências, que aliadas ao contexto, como defendeu a ministra Rosa Weber, - até mesmo ela, que em muitos pontos foi condescendente com envolvidos no escândalo - levam sem margem nenhuma de dúvida à justa culpabilidade dos condenados. Isso é elementar, porém, as imprecisões históricas da argumentação nem sempre ficam claras aos olhos dos leigos ou menos atentos. Durante a Inquisição a Igreja Católica fez uso dos processos inquisitoriais para ajudar na construção de sua ortodoxia, ainda não plenamente definida à época. Um estudo das obras do historiador português Francisco Bethencourt, do próprio Ginzburg e do Malleus Maleficarum permitem compreender a base subjetiva e não-evidencial que pautou a ação dos inquisidores, o que nao é surpresa quando se leva em conta que estavam em jogo questões religiosas e minúcias teológicas inseridas no alvorecer da Idade Moderna. É mais do que óbvio que isso nada tem a ver com as práticas que deram forma ao Mensalão e ao seu julgamento. Ressalte-se também que naquela época a Igreja Católica representava o poder estabelecido na maior parte da Europa ocidental, condição que tornava algo fácil a manipulação de seus interesses, já hoje em dia quem está no poder de forma bem enraizada é o PT. Se o autor do post fez uma (péssima) leitura de O inquisidor como antropólogo, estamos autorizadíssimos a inferir que ele nunca ouviu falar em Mitos, emblemas, sinais... ele e o ministro Dias Toffoli. Entretanto, na visão dos conscientes e modernos nada disso é válido, uma vez que o julgamento sofreu pressão da mídia golpista (a mesma que adere ao governo federal até no quesito futebolístico e que teceu loas ao comunista Niemeyer).
Ah, a imprensa! A imprensa requer a mais profunda e imbuída de consciência e modernidade análise caso se queira romper com o pensamento conservador dominante. Conservador, dominante? Hummm, deixa para lá... Cada vez com mais frequência nota-se nas redes sociais ou em situações ao vivo o pedantismo ideológico e o  tom professoral dos falsos intelectuais, os mesmos que louvam Niemeyer e que ainda se prestam ao sórdido papel de reverenciar o PT. Tal prática é especialmente recorrente quando se trata da revista Veja, que pode ser criticada normalmente desde que o viés puramente ideológico não seja o parâmetro, o exato contrário do que fazem. Eles reputam a si próprios a capacidade exclusiva de instruir a multidão sobre o que ela deve ou não deve acreditar. São os intelectuais orgânicos de Gramsci. Ou os ideólogos do establishment, leitores do Manifesto Comunista, do Dezoito do Brumário, nunca de O Capital, muito extenso e complexo. Desta obra, só retêm e difundem, como um relógio de repetição, os clichês hiperbólicos. Adoram também as teses de Walter Benjamim, marxismo poético enfadonho, os livros de Eric Hobsbawm, marxismo fast food e de Foucault, mistura psicodélica de pós-modernismo orgiástico com marxismo e sua crítica à "sociedade burguesa". Haja! O problema deles com a Veja é por ela contar com articulistas de direita e por não ter rabo preso com o governo do PT, independentemente do que o veículo noticia, tudo mentira com vistas ao golpismo, segundo os tais. Quanto a outros veículos que sabidamente recebem verbas do governo, não têm nenhuma crítica a levantar. Será mesmo que estão preocupados com a imparcialidade jornalística? Receio que não! Mas não importa, postar no Facebook que quem lê a Veja não tem cérebro e que esse veículo é o mais vil, golpista e preconceituoso, é sinal inconfundível de consciência e modernidade.
E os acontecimentos que se sucederam no intervalo da partida entre SPFC vs. Tigre pela final da Copa Sulamericana, como fatalmente não poderia deixar de ser, trouxeram à tona a já manjada patriotada tupiniquim. Sem ninguém ainda saber exatamente o que teria provocado a confusão, presenciei colegas meus de profissão vociferando contra os argentinos, não contra o time do Tigre especificamente, - o que seria compreensível se viesse de torcedores são paulinos movidos pela paixão - mas contra os argentinos como um todo, como povo da Argentina. Tive a nítida sensação de estar diante de vários Galvões Bueno. Patético! Depois, fiquei sabendo por minha mãe que um apresentador da Record, cria de Datena e afins na maneira de se comunicar, afirmou ser o povo argentino mal educado. Educado é ele... consciente e moderno também!
Quando a imprensa adoça a vaidade dos conscientes e modernos, ela deixa de ser golpista... Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, é diferente, um verdadeiro oásis no meio de tanta baboseira. Em uma análise isenta e ponderada, ele perguntava se brasileiro é um primor de retidão, educação e polidez a ponto de se colocar em posição de superioridade junto aos vizinhos. Diria um cônscio e moderno: "ora, que se dane esse jornalista ranzinza, falar mal do Brasil, cospe no prato que come, não é patrioteiro..., ops, patriota!" Mauro ainda salientou a atitude do brasileiro Luís Fabiano no jogo de ida, responsável por criar tensão exacerbada. Todo sujeito que procura assumir ares superiores lançando mão de sua nacionalidade é para mim uma criatura das mais abjetas e desprezíveis. E geralmente brasileiro adora agir assim. Porém, ser patrioteiro, a despeito da tamanha carga de nacionalismo tacanha que implica, é também visto como conduta consciente e moderna perante a patifaria da ralé e de seus prescritores.
Quanta consciência, quanta modernidade! Eu, como sou alienado e retrógrado, estou na época e no lugar errados, bem melhor estaria se me deparasse no cotidiano com a crítica isenta, com análises livres de ideologização, com a intolerância face aos corruptos, com uma visão planetária ao invés de nacionalista, características tão odiadas pelos conscientes e modernos...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Um pouco sobre educação, ensino e pesquisa: em defesa de um paradigma democrático e interpretativo, mas também universalizante


Os escritos seguintes são fruto de um pedido de uma colega de trabalho. Ela cursa Pedagogia e as questões formuladas pela instituição superior deveriam ser respondidas por professores, sendo que fui um dos escolhidos para tanto.
Como já expus anteriormente, houve uma época em que eu pensava, ingenuamente, que a educação poderia resolver os problemas do Brasil. Permaneço imbuído da certeza de que uma nação desenvolvida precisa, necessariamente, ser uma nação culta e letrada, perspectiva oposta à concepção pós-moderna, para a qual não existe conhecimento universal independente dos indivíduos e dos pequenos nichos socioculturais nos quais estes se inserem (ou deixam de se inserir...). Assim, de acordo com o pós-modernismo, a educação nos moldes em que se pratica em países como a Finlândia ou o Japão, não é nada mais do que um cânone imposto pela "sociedade capitalista". Abomino o relativismo pós-moderno, tenho ojeriza à guetização que está implicada nesta forma de ver o mundo. Contudo, para alguém que adota o paradigma do liberalismo clássico, como eu, não é exatamente a valorização da educação per se que está em discussão, mas o tipo de educação a ser empreendida. Há algum tempo, concluí que a educação brasileira, como esta se apresenta desde a segunda metade dos anos 1970, - doutrinária e marxista - não só é absolutamente incapaz de promover o desenvolvimento do Brasil, como contribui para torná-lo ainda mais um país atrasado. As respostas que dei para minha colega revelam um pouco desta discussão, por isso resolvi trazê-las até o blog. Seguem abaixo:

1- O que você entende por educação, ensino e pesquisa?
R: A meu ver, a educação, além da construção das habilidades e competências relacionadas à formação mais técnica do aluno, tem muito a ver também com a formação do cidadão, aspecto no qual os valores civis, éticos e morais são parte fundamental. O ensino é um processo de interação entre professor e aluno no qual o conhecimento a respeito tanto da parte técnica da educação, como da parte civil, ética e moral, não passa somente pela transmissão de informações, mas principalmente pela reflexão sobre estas, o que torna o conhecimento uma questão de construção. A pesquisa é também um processo em que o conhecimento é construído por meio de interpretações que devem ser fundamentadas em fontes de pesquisa; as conclusões às quais o pesquisador chega são parte do saber a ser continuamente interpretado, debatido e revisto pelas sociedades humanas, trabalho este que deve estar baseado, obrigatoriamente, nos paradigmas científicos conhecidos.

2- Para você, qual a contribuição da pesquisa enquanto princípio educativo para a prática pedagógica do professor?
R: Penso que através da pesquisa o professor poderá levar para a sala de aula novas descobertas realizadas no campo da pedagogia a serem colocadas em prática (caso se façam pertinentes e possibilitadores de bons resultados; para se fazer essa avaliação, as pesquisas precisam ser postas em discussão com coordenação e corpo docente, bem como eventualmente testadas em sala de aula). Descobertas científicas referentes a outros campos do saber igualmente podem ser debatidas com os alunos, pois são instrumentos a mais no processo de construção do conhecimento.

3- Qual a concepção sobre a utilização de materiais didáticos em sala de aula e qual a importância deles no processo educativo dos alunos?
R: Todo material didático serve de apoio e referência na construção do conhecimento. O cuidado a ser tomado é não ficar restrito a um único tipo de material, nem tratá-lo como se fosse um depósito de Verdade sem que se façam necessárias interpretações e reflexões sobre as informações trazidas por esses materiais. No campo das Humanas, as análises trazidas por um livro ou qualquer outra forma de comunicação, decorrem dos condicionamentos intelectuais do autor e, a despeito do compromisso com a verdade por parte deste autor, não se pode ter a pretensão de ser o dono da Verdade. O essencial é que toda análise e toda reflexão devem ser dotadas de argumentação sólida e referências científicas.

4- Cite alguns materiais didáticos disponíveis em sua escola.
R: São usados sobretudos livros e filmes. Para as disciplinas específicas que leciono (História e Geografia), também faço bastante uso de mapas, imagens e, quando possível, de artigos veiculados na imprensa.

5- Como você utiliza os materiais didáticos em sala de aula? (constrói com os alunos, leva material pronto, solicita que os alunos levem materiais para enriquecer a aula e o conteúdo, utiliza os recursos disponíveis na escola? Qual (is) disciplinas(s) utiliza (m) mais materiais didáticos?; justifique o motivo.
R: Utilizo de todas essas estratégias. Como se pode inferir pelas respostas anteriores que dei, procuro sempre orientar os alunos a interpretarem as informações contidas nos mais diversos materiais didáticos. Até mesmo com relação aos livros didáticos, que são materiais prontos, busco orientar os alunos que aquilo que os livros contêm é resultado de interpretações de autores que escreveram tais livros, bem como das fontes utilizadas para escrevê-los. De acordo com minhas referências intelectuais e no âmbito das disciplinas que leciono, procuro sempre tomar o cuidado de não cair num relativismo absoluto, ou seja, as interpretações não são meros pontos de vista, meros achismos, pelo contrário, são resultado de ampla pesquisa, documentada e defendida com sólidos argumentos. Sendo assim, é necessário estudar e discutir detidamente as diversas interpretações buscando analisar as que são mais válidas, as que são parcialmente válidas e as que são de fácil refutação. Esse processo, repito, se faz a partir da interação professor-aluno. Não posso afirmar nada sobre disciplinas do campo das Exatas e Biológicas, mas no que se refere às Humanas, acredito que usar uma boa variedade de materiais didáticos é muito importante, justamente para possibilitar ao aluno o contato com interpretações diferentes. O problema é que dependendo da linha pedagógica de uma deteminada escola, o professor fica restrito a um livro que ele precisa terminar ou uma apostila cuja dinâmica se faz aula por aula.

6- Você promove/promoveu adaptações em materiais didáticos diante de necessidades educacionais especiais de algum aluno ? Qual (is)? Como foi esse processo?
R: Não só em virtude de necessidades especiais de algum aluno, mas muitas vezes na tentativa de facilitar o entendimento promovi adaptações, sobretudo no que se refere ao vocabulário (algo em relação ao qual os jovens de hoje apresentam imensa dificudade, sendo preciso tempo, trabalho e muita paciência para que eles adquiram um repertório mais amplo). Em outros momentos, quando percebi que havia possibilidade de forçar e fazer com que os alunos aprofundassem algum tema, igualmente adaptei tentando tornar as coisas de modo a exigir mais deles, criando por exemplo, questões extras em cima de algum texto, ou trazendo um autor de interpretação diferente para dialogar com o que já constava do material didático. É muito difícil prever de antemão se tais adaptações darão certo ou não, o que depende de uma enorme gama de fatores, alguns deles meramente casuais. Eu diria que costuma ser proveitoso em aproximadamente 70% dos casos.

Estas foram as primeiras questões que respondi. Posteriormente, outras foram propostas, como se segue:

7- Apresente as definições de educação, ensino e pesquisa e estabeleça uma articulação sobre a importância dessas ações para a atuação do professor no contexto educacional.
R: Educação: processo de formação de competências e habilidades, bem como de formação ética e moral do aluno, envolve ainda a troca de experiências e o debate sobre o conhecimento na interação entre professor e aluno; Ensino: transmissão de informações, orientação e reflexão sobre como lidar com as informações transmitidas no sentido de aproveitá-las no debate sobre o conhecimento; Pesquisa: geração de conhecimento a partir da problematização de fontes de pesquisa e obtenção de conclusões/interpretações.
O professor deve ser, além de um transmissor de informações, principalmente um orientador que capacitará o aluno a refletir sobre as informações, fazendo com que este entenda que informação é matéria-prima na produção do conhecimento. O professor pesquisador, em tese, está bem capacitado a ensinar, já que fará com que os alunos diferenciem informação de conhecimento e a relação existente entre ambos. A pesquisa é importantíssima nesse contexto, pois por meio dela o conhecimento é produzido e colocado em debate na sala de aula. A partir disso, tem-se a meu ver, os fundamentos para uma educação completa, que deve contemplar competências e habilidades, mas também a formação do cidadão, algo que só pode ser alcançado com debate sobre o conhecimento já produzido, oferecendo ao aluno uma bagagem cultural e universal que lhe tornará a apto a entender e interagir com a realidade que o cerca. É também partindo daí que o aluno pode ter sua curiosidade despertada para que ele próprio realize pesquisas e possa contribuir produzindo algum conhecimento.

8- Para você, de que maneira os recursos didáticos foram evoluindo ao longo da história da educação?
R: Pensando especificamente na minha área de docência, creio que os recursos didáticos estão bem mais atraentes e otimizados em termos visuais. São muito mais ricos em iconografia e variedade cartográfica do que eram quando eu fui estudante, há cerca de 20 ou 25 anos. Mais recentemente, muitos recursos integraram a tecnologia como meio de transmissão de informações mais precisas e atraentes para um público já nascido sob a influência da Revolução Tecnológica e da Nanotecnologia.
No entanto, considero um equívoco acreditar que haja uma evolução, em sentido lato, dos materiais didáticos apenas porque estão mais atraentes no quesito visual ou mais afinados com novas tecnologias. Penso que muitos materiais didáticos são totalmente comprometidos pelo dogmatismo e pelo exacerbo ideológico. Na minha área, por exemplo, o marxismo ainda é, inúmeras vezes, tratado como Verdade única e como chave incontestável para a resolução dos problemas da humanidade, mesmo com a enorme quantidade de falhas grotescas já exaustivamente discutidas e apontadas presentes em uma teoria que se pretende profética e enxerga o desenrolar histórico como uma necessidade pré-definida pelos seus próprios parâmetros, o que ao longo do último século e meio vem se mostrando cada vez mais uma tremenda falácia. São raríssimos os autores que se preocupam, por exemplo, em discutir o capitalismo não como um sistema que engolfa todo o resto das dimensões sociais, mas como uma das dimensões possíveis de uma determinada sociedade, e que depende das outras - política, cultura, história, mentalidade - para funcionar de um modo ou de outro. Mais um exemplo é a visão a respeito da ditadura castrista em Cuba, em muitos casos considerada um modelo a ser louvado e adotado em outras localidades. Não é possível ver nisso nada além de pura contaminação ideológica, extremamente abjeta. Há aspectos que podem e devem ser colocados em debate, não uma ditadura, algo a ser condenado independentemente de espectro político.

9- Escreva um texto apresentando a pesquisa enquanto princípio educativo enfatizando a atuação do professor pesquisador.
R: Como exposto na questão 7, é por meio da pesquisa que se produz conhecimento. Assim sendo, o professor pesquisador está capacitado a levar o conhecimento produzido para o interior da sala de aula. Lá esse conhecimento será colocado em debate e confrontado com outras interpretações. Neste processo, o professor deve fazer com que os alunos entendam os argumentos que norteiam uma pesquisa e criem, eles mesmos, argumentos capazes de defender ou refutar as diferentes interpretações, sem doutriná-los na preferência por alguma delas. É então o aluno, que trabalhando e refletindo a partir do que é trazido pelas pesquisas, se tornará sujeito do conhecimento, sendo capaz de lançar argumentos existentes ou próprios em defesa de sua posição. O trabalho de pesquisa é importante porque mostra ao aluno que o conhecimento não está pronto e depositado em um "baú" de onde se retira alguma Verdade definitiva, mas que, ao contrário, as interpretações, quando solidamente argumentadas, contribuem para construir verdades (com v minúsculo) que atuam como "tijolos" na composição de um imenso "painel" que faz parte da cultura humana. É daí que o aluno se torna sabedor de que informações não são o conhecimento em si, mas apenas matérias-primas a partir das quais o conhecimento é continuamente produzido, sendo necessária a filtragem e a reflexão em cima das informações. Tal processo pode contribuir ainda promovendo o gosto pela pesquisa e pelo conhecimento entre os alunos, quem sabe, (?) fazendo com que eles próprios ajudem na construção do conhecimento.


*OBS: evidentemente, a postura que assumo deve ser entendida exclusivamente no âmbito da minha área de docência, as Humanidades; um professor de Exatas, por exemplo, certamente terá uma perspectiva teórica e pedagógica diferente em certos aspectos (ou em muitos), haja vista que os ramos do saber possuem especificidades que precisam ser consideradas para que o processo educacional se conduza da melhor maneira em cada disciplina.

Sempre que possível, tento orientar minha prática docente segundo tais bases, porém, há entraves sérios e de difícil superação que viciam a estrutura educacional brasileira, algo que começa no Ensino Superior, de onde sai um grande número de professores que doutrinam os alunos. A universidade é o centro formador de docentes e, uma vez que a universidade brasileira, na maioria dos casos, se encontra assolada pelo marxismo, pelo pós-modernismo (não mais do que uma derivação do marxismo) e pela ideologização socialista, pensar em uma educação democrática, interpretativa e universalizante (no sentido da complexidade do conhecimento, da liberdade e da moral), é o mesmo que arar no deserto.