O tempo tem sido escasso e, como se pode observar, as postagens se tornaram bem menos frequentes. Assim permanecerá por período indeterminado, todavia, passo por aqui hoje apenas para deixar breves apontamentos pessoais a respeito da situação político-social do país, como segue abaixo (perdoem-me aqueles que já leram essas palavras no Facebook, de qualquer maneira, o texto foi levemente aprimorado):
Eis que, decorrido mais de século e meio desde que Marx começou a erigir seu sistema, no Brasil de hoje, a burguesia dos textos marxianos se transformou na classe média, pelo menos em se tratando da corja PeTralha (caberia perguntar aos defensores do governo, ou mesmo aos que parecem não se importar com os descalabros da administração federal, que elevou a corrupção a modus operandi, que carrega como marca a incompetência gerencial e que se afina a par e passo com ideias totalitárias: o que têm a dizer sobre os ricos?; por que os mesmos deixaram de ser o alvo do esquerdismo?; acaso os que ocupam os primeiros degraus da pirâmide social deixaram de existir?; ou será que uma ordenação política que não pode sobreviver sem a distribuição de favores, tal como Max Weber explanou, os cooptou em grande parte?!).
Se no plano teórico, a oposição burguesia x proletariado, ainda que se mostrasse uma grandiosa inconsistência a julgar exatamente pelo ulterior desenrolar histórico, permitia a Marx elementos para preencher suas aspirações proféticas, a realidade de tantos países nos quais o capitalismo floresceu virtuosamente revela que o surgimento das camadas médias desmente de modo categórico uma das teses centrais do autor de O capital. O capitalismo baseado nas liberdades individuais, na valorização da criatividade, na geração de oportunidades, no respeito ao sistema jurídico e na disseminação da alta cultura foi pródigo em promover prosperidade. A partir dele é que as nações desenvolvidas seguiram o caminho que lhes conduziu ao desenvolvimento. Não ocorreu, como acreditava Marx, um alargamento do fosso entre burgueses e proletários, ao contrário, houve uma redução de tal diferença com o crescimento da classe média.
No seio das complexidades que estruturam a sociedade brasileira, nem mesmo o partido que ocupa o poder se entende sobre o conceito de classe média (Marx nunca foi capaz de estabelecer uma teoria das classes, mas tão somente se aproveitou dos estudos de François Guizot, sem extrair de tal desdobramentos válidos): por um lado, o PT se jacta de ter "tirado milhões da pobreza", - para aonde teriam ido?! - por outro, através de seus próceres e idiotas úteis, afirma odiar o próprio fenômeno que alega ter ampliado tanto - por essa lógica, que tamanha ingratidão por parte da criatura para com seu Criador! Escusa-se afirmar que o PT não criou classe média alguma, tendo esta se consolidado a partir da estabilização econômica dos anos 1990, a qual, no momento, o partido detentor do poder põe em gravíssimo risco devido aos erros que comete na condução da economia.
O fato, entretanto, é um, apenas um: a reboque de seu marxismo para lá de caduco (Marx jamais atentou para o dinamismo da política e para sua independência em relação ao que chamava de base estrutural), a PeTralhada é incapaz de enxergar a política como processo, como dissenso e como gestão de demandas, logo, só o que resta, é destilar o ódio contra o setor da sociedade que, por estar livre do cabresto assistencialista que assola os mais pobres, assim como fica de fora (também por questões morais) do butim que assalta a máquina pública e promove o repasto dos amigos do poder, é o único com possibilidade de colocar ponto final à doença cancerosa que faz o país sofrer há mais de doze anos. Não é em função, evidentemente, de "consciência de classe", mas simplesmente por um arranjo social e político nefasto criado, aí sim, pelo PT. Não se trata, tampouco, do "nós contra eles", também um expediente político tipicamente totalitário. Não, um país que deseja o verdadeiro desenvolvimento requer que seu governo administre para todos sem lugar para populismo assistencialista e para cooptação.
Não nos calaremos!
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