Catedral de Colônia: ícone gótico medieval
Volto uma vez mais para escrever sobre a Europa. Agora é a vez da etapa ao norte do continente, a mais exótica do Eurotour, que abrangeu a Alemanha e três países escandinavos, a Noruega, a Suécia e a Dinamarca (Hoje abordarei, além da Alemanha, apenas a Noruega).
A estadia na Alemanha foi relativamente curta, apenas uma noite e mais um dia de viagem até o ponto de onde se toma a balsa para a Escandinávia. A cidade de Colônia foi escolhida para ser visitada em função de seu magnífico domo, aquele que, a meu ver, mais bem representa o gótico medieval europeu. A altura da catedral, seu grau de verticalização e sua geometria triangular, materializam de maneira inconfundível a arquitetura da Alta Idade Média. A edificação, cuja construção se estendeu por cerca de 600 anos, se posta com absoluto triunfo em pleno centro da cidade, especialmente para quem sai da estação de trem Hofbanhof e dá de cara com o monstro gótico, uma visão que chega a assombrar, dada a grandiosidade do domo. Em seu interior, mais elementos de destaque, traduzidos nas relíquias dos três reis magos, o sarcófogo onde estariam os restos mortais de Melchior, Gaspar e Baltazar e o painel que mostra a adoração dos magos ao menino Jesus. A praça na qual está localizada a catedral fica lotada por turistas e pela população local, cenário que transmite claramente o orgulho cívico que o povo alemão sente em relação a seus monumentos públicos. A visita à Colônia não se faz completa sem que o turista adquira nas lojas próximas ao domo a famosa Água de Colônia, souvenir mais típico da cidade, podendo ser encontrado em diversas fragrâncias.
Cotidiano na pequena vila de Travemünde
Deixando Colônia, a viagem seguiu na direção de Travemünde, vila de onde partem ferries para as regiões mais setentrionais da Europa. O local é pitoresco, com algumas ruelas e a avenida principal, situada à beira-mar e povoada por casinhas, transeuntes e aves que harmonicamente dividem o espaço com as pessoas. Era um domingo, e o agito de uma vila como essa, ao contrário do que faz pensar quem está acostumado com o caos de cidades grandes, sujas e caóticas, é extremamente agradável e saudável, contrastando com as bicicletas e com casais de idosos caminhando tranquilamente na orla a alimentar as famílias de patos com seu andar jocoso e simpático. Para completar, numa espécie de tenda, uma banda formada por cinquentões mandava o bom e velho Rock ´n Roll.
Eu poderia ter resumido tudo em uma só expressão: qualidade de vida. Vale ressaltar ainda que, quando se viaja pelas estradas da Alemanha, é incontável a quantidade de aerogeradores avistados, um atrás do outro, o que denota preocupação com questões ambientais e inteligência no uso de uma forma de energia limpa e renovável, a servir de exemplo para certo país dos trópicos, onde a incidência ventosa é elevadíssima, mas cujo governo nada sabe sobre meio ambiente.
Kongelige Slott: palácio neoclássico em Oslo
Depois de passar o dia em Travemünde, tomamos a balsa rumo a Malmö, na Suécia. E que bela balsa da companhia Finnlines, equipada com cabines bastante confortáveis, aptas a permitir um descanso reparador. Logo de manhã, chegando a Malmö, pegamos o carro e dirigimos cerca de 550 quilômetros até Oslo, a capital norueguesa. Devo informar então que essa é uma das mais bonitas cidades que já pude visitar. Limpa, arborizada, calma, organizada, chique, um local dos mais agradáveis do mundo! Impressiona em Oslo a presença marcante de áreas verdes e canteiros floridos, sendo um privilegiado aquele que tem a oportunidade de passear pelas elegantes ruas da cidade, com o topo das inúmeras edificações neoclássicas recortando o pano de fundo formado pelo céu. O ponto alto é constituído pelo Kongelige Slott, grandioso edifício neoclássico do século XIX que abriga a residência real norueguesa. Após transitar por um imenso e verdejante parque, alcança-se o centro do mesmo no qual situa-se o palácio, sem dúvida um dos passeios mais bonitos e sofisticados da Europa. Detalhe, o carro ficou parado na rua por mais de uma hora com a janela aberta e com o GPS à vista sobre o banco do carona. Quando voltamos, tudo estava intocado. É outro papo! Ainda na belíssima Oslo, o visitante deve fazer paradas obrigatórias no Radhuset, prédio da prefeitura com seu grande relógio público, no Teatro Nacional, de monumental arquitetura neoclássica, no Akershus, fortaleza medieval, e no Nobel Institute, de importância óbvia e adornado com impressionante jardim. Eu moraria em Oslo, com muito prazer!
Fjord norueguês
Depois de uma noite na capital, viajamos pelo interior da Noruega em busca das paisagens naturais mais características do país, os fjords, localizados na costa oeste. Foi um dia de viagem muito cansativo e no qual as condições atmosféricas estiveram longe de ajudar: garoa e neblina, que impediram os fjords de se revelar em sua plenitude e tornaram a dirigibilidade lenta e perigosa. Mesmo assim, foi possível observar cenários impressionantes e que fogem completamente do lugar comum. Além dos próprios fjords, as típicas igrejas de madeira que se fazem presentes em todo interior norueguês compõem outro elemento essencial do passeio. Nas tortuosas estradinhas, ladeadas por montanhas, mar e neve, o visitante tem a sensação de estar nos confins do planeta, em perfeita integração com a natureza. Da próxima vez, como ficou evidente que não vale a pena fazer tais caminhos usando carro, a receita é viajar de barco pelos fjords partindo de Oslo, modo mais tranquilo de apreciar essa bela e inusitada paisagem.
Das longínquas paragens da Noruega, me despeço por aqui. Retorno semana que vem, ainda relatando a passagem pela Escandinávia e já expondo também sobre Holanda e Bélgica. Até lá!