Berna e sua perfeição urbanística
Assim como avisei no final das impressões italianas, volto hoje para escrever sobre a Suíça, segundo país visitado durante o Eurotour.
Após deixar a península Itálica e ter adentrado no pequeno território suiço, a primeira parada ocorreu em uma estradinha que conduz a Interlaken. No local, conhecido como Passo de São Gotardo, muitos viajantes estacionam seus veículos numa espécie de plateau de onde se obtém uma visão privilegiadíssima dos Alpes. Coberto por gramíneas verdejantes e pinheiros típicos das altas montanhas, o sopé dos Alpes revela ao fundo, montanhas imponentes, cujos topos permanecem cobertos por neves eternas (até quando?!). É possível sentir o frescor do ar alpino entrando macio e reconfortante pelas narinas, uma energia que tonifica o corpo e o espírito, tomando conta do visitante que tem o prazer de entrar em contato com tal maravilha da natureza. O Passo de São Gotardo é, sem qualquer sombra de dúvida, um dos lugares mais bonitos da Terra. Fascinante!
Seguindo viagem, a refinada Interlaken se mostrou acolhedora por meio de suas águas límpidas, uma característica que pode ser observada em toda Suíça, e de seu centro comercial, repleto de charmosas lojinhas nas quais o produto mais cobiçado é o famoso relógio suíço. Instrumento da mais alta precisão, tornado acessível ao grande público graças ao gênero inventivo e disciplinado dos povos ao norte do maciço central europeu, as melhores marcas dessa preciosa engenhosidade não são nada convidativas ao bolso do consumidor sul-americano. É apenas para ficar babando!
Depois de um dia de viagem pelos deslumbrantes caminhos alpinos, foi hora de assentar bagagem no vilarejo de Grindelwald, também ao sopé dos Alpes. Uma vez mais, foi possível observar e entrar em contato com as típicas paisagens suíças, cheias de pinheiros, aqui e acolá, a preencher os prados povoados por casinhas de madeira com suas floreiras multicoloridas. Tudo organizado, limpo e feito para transmitir paz e tranquilidade. Como diz minha namorada Fernanda, a Suíça é como uma casa de bonecas. A perfeita ordem das coisas não a deixa mentir.
Logo cedo, no dia seguinte, tomamos o trem que conduz até o topo da montanha Jungfrau. Lá em cima, o grande barato é andar na neve e curtir a brancura dos Alpes cobertos pelo tapete natural de água congelada em contraste com o azul do céu. Mais um espetáculo oferecido pela natureza!
Ainda no mesmo dia, a viagem seguiu rumo a Berna, não sem antes parar na pequenina Thun para um descanso (na verdade, para conhecer o local). Nessa cidade medieval, passeia-se tranquilamente pelas ruazinhas de chão de pedra adornadas com bandeiras da Suíça e da província de Berner-Oberland. Durante as andanças, revela-se num plano mais alto, o castelo da cidade, construído por volta do ano 1190. Simpática, bonita e aprazível, assim é Thun.
Finalmente, a última cidade que fez parte da estadia na Suíça foi Berna, capital do país. Tão logo tomei contato com esse maravilhoso lugar, já pude ter a certeza absoluta de que moraria em Berna na primeira oportunidade. A cidade é patrimônio cultural da humanidade, pois possui um dos mais bem preservados e incríveis conjuntos arquitetônicos medievais do mundo. O casario e as edificações-símbolo, como a catedral e o Zytglogge, um grande relógio público com cúpula gótica, que brinda os turistas com as estatuetas que se expõem sucessivamente, de hora em hora, abaixo do mostrador, são todos de coloração bege-areia. Para completar o mágico cenário bernese, as construções são abraçadas pelo rio Aar e suas águas em tom azul turquesa. O rio fica num nível mais baixo que o casario, tendo suas margens guarnecidas por gramados totalmente aparados e árvores frondosas, permitindo à população de Berna se banhar tranquilamente nesse verdadeiro instrumento de lazer. A limpeza da água é de causar um deleite que se mistura facilmente com a inveja de quem vive numa cidade cruzada pelo Tietê e pelo Pinheiros. Ao redor do centro medieval de Berna estão os bairros residenciais, de ruas tranquilas e arborizadas a ponto do verde das copas formar túneis naturais sobre as vias. É algo indescritível a qualidade de vida oferecida pela cidade, que não à toa é considerada uma das dez melhores do mundo para se viver. Quem tem ideia do que significa urbanização e qualidade de vida, procure fazer um levantamento a respeito de quantos e quais candidatos a cargos públicos no Brasil abordam o tema com consistência e conhecimento. O exercício pode ser altamente desanimador!
A Suíça é um país sempre pronto a mostrar ao visitante todos os detalhes mínimos da organização impecável que oferece. Nada é fora do lugar, tudo se encaixa com perfeição e faz parte de um conjunto harmonioso que fornece a clara impressão de ter sido projetado por gênios na arte da minúcia e do bom gosto.
Curta a Suíça, por enquanto. Volto em breve para discorrer sobre a Alemanha e a Escandinávia...
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