Os gregos antigos acreditavam que o melhor caminho para a virtude é a moderação, sophrosyne, como eles próprios designavam a arte da prudência. A despeito de se concordar ou não com essa visão, é notório observar que a imprensa esportiva no Brasil sofre de total falta de moderação.
Ronaldo é assunto, mais uma vez (que novidade!), até aqui, no espaço de um palmeirense. Pois bem, o chamado "fenômeno", após brilhar no primeiro jogo das finais contra o inofensivo Santos, é mais do que nunca comentado nos programas futebolísticos. Seu nome é citado numa proporção infinitamente maior do que o do próprio time onde joga, sintoma de que talvez sua figura seja menos benéfica para a agremiação do que tudo indica. Quem sabe o leitor possa compreender?
Ninguém que entenda minimamente de futebol, jamais colocou em questão a capacidade técnica do jogador, o que se discutia era sua péssima condição física, sobretudo em tempos nos quais o preparo tem contado mais do que a técnica. Pode ser que por isso mesmo ele se sobressaia, isto é, lhe sobra condição técnica. A verdade é que ele tem surpreendido, jogado muito mais do que dele se esperava. Seu nome é cantado em prosa e verso, é quase unanimidade entre os comentaristas que sua volta por cima já está totalmente consumada e cogita-se até mesmo a volta de Ronaldo à anódina seleção brasileira. Muitos dos que hoje se rendem ao futebol do "fenômeno", são exatamente os mesmos que já o deram como acabado em mais de uma ocasião. Nada de estranho em opiniões que variem tanto entre os extremos, afinal, a sophrosyne não é apanágio da imprensa esportiva brasileira. Ponderemos!
Ronaldo foi muitíssimo bem assessorado em sua volta ao futebol brasileiro, pois na Europa, diante de adversários bem mais qualificados, zagueiros de mais renome e jogo que exige mais do físico, ele teria dificuldades em grau enormemente mais elevado. Jogar num futebol de baixo nível técnico, permitindo-lhe angariar destaque em meio à mediocridade, sem dúvida alguma, trouxe novamente ao jogador o status que procurava há uns bons anos. Some-se a isso o fato de ter escolhido um time de massa e claramente protegido pela mídia, ressaltando que a escolha não foi o Flamengo devido aos riscos salariais que o clube carioca oferece, além do que o futebol paulista é muito mais vitrine.
Todavia, é preciso que os próprios torcedores mosqueteiros tenham em mente que o horizonte vindouro possa não ser tão aprazível como as aparências, traiçoeiras, sugerem. A temporada ainda não chegou nem em sua metade, o estadual não apresenta dificuldades consideráveis, sendo que o "bicho" começa a pegar de verdade no afunilamento da Copa do Brasil e, principalmente, durante o longo e exaustivo Brasileiro. Os obstáculos irão aumentar bastante no caminho de Ronaldo, quanto mais se não for esquecida sua condição física deficiente, algo do qual o jogador não irá mais escapar. Ele pode mais uma vez calar a boca dos descrentes? Sim, é claro! Por outro lado, se eventualmente for pêgo numa situação tal que não consiga render e manter sequência de jogos em uma competição com maior nível de exigência, ele poderá debandar.
É óbvia a constatação de que quanto mais exposto na mídia, mais estará o "fenômeno" a atiçar a sanha dos promoters e empresários do futebol. Nesse sentido, ligas como a norteamericana ou a japonesa funcionariam como destinos atraentes para Ronaldo. Se ainda existe algum iludido com o discurso batido do "amo esse clube", que não se engane mais, nos EUA ou no Japão, o jogador engordaria ainda mais sua conta bancária e jogaria brincando contra beques de mentirinha. Fica a pergunta, o que seria do time da zona Leste sem o seu astro do momento? Manteria o relativo sucesso que não tinha há tempos?
Tudo é um questão de moderação.
* O texto acima é dedicado ao aluno e corintiano Lucivaldo Junior.
Ronaldo é assunto, mais uma vez (que novidade!), até aqui, no espaço de um palmeirense. Pois bem, o chamado "fenômeno", após brilhar no primeiro jogo das finais contra o inofensivo Santos, é mais do que nunca comentado nos programas futebolísticos. Seu nome é citado numa proporção infinitamente maior do que o do próprio time onde joga, sintoma de que talvez sua figura seja menos benéfica para a agremiação do que tudo indica. Quem sabe o leitor possa compreender?
Ninguém que entenda minimamente de futebol, jamais colocou em questão a capacidade técnica do jogador, o que se discutia era sua péssima condição física, sobretudo em tempos nos quais o preparo tem contado mais do que a técnica. Pode ser que por isso mesmo ele se sobressaia, isto é, lhe sobra condição técnica. A verdade é que ele tem surpreendido, jogado muito mais do que dele se esperava. Seu nome é cantado em prosa e verso, é quase unanimidade entre os comentaristas que sua volta por cima já está totalmente consumada e cogita-se até mesmo a volta de Ronaldo à anódina seleção brasileira. Muitos dos que hoje se rendem ao futebol do "fenômeno", são exatamente os mesmos que já o deram como acabado em mais de uma ocasião. Nada de estranho em opiniões que variem tanto entre os extremos, afinal, a sophrosyne não é apanágio da imprensa esportiva brasileira. Ponderemos!
Ronaldo foi muitíssimo bem assessorado em sua volta ao futebol brasileiro, pois na Europa, diante de adversários bem mais qualificados, zagueiros de mais renome e jogo que exige mais do físico, ele teria dificuldades em grau enormemente mais elevado. Jogar num futebol de baixo nível técnico, permitindo-lhe angariar destaque em meio à mediocridade, sem dúvida alguma, trouxe novamente ao jogador o status que procurava há uns bons anos. Some-se a isso o fato de ter escolhido um time de massa e claramente protegido pela mídia, ressaltando que a escolha não foi o Flamengo devido aos riscos salariais que o clube carioca oferece, além do que o futebol paulista é muito mais vitrine.
Todavia, é preciso que os próprios torcedores mosqueteiros tenham em mente que o horizonte vindouro possa não ser tão aprazível como as aparências, traiçoeiras, sugerem. A temporada ainda não chegou nem em sua metade, o estadual não apresenta dificuldades consideráveis, sendo que o "bicho" começa a pegar de verdade no afunilamento da Copa do Brasil e, principalmente, durante o longo e exaustivo Brasileiro. Os obstáculos irão aumentar bastante no caminho de Ronaldo, quanto mais se não for esquecida sua condição física deficiente, algo do qual o jogador não irá mais escapar. Ele pode mais uma vez calar a boca dos descrentes? Sim, é claro! Por outro lado, se eventualmente for pêgo numa situação tal que não consiga render e manter sequência de jogos em uma competição com maior nível de exigência, ele poderá debandar.
É óbvia a constatação de que quanto mais exposto na mídia, mais estará o "fenômeno" a atiçar a sanha dos promoters e empresários do futebol. Nesse sentido, ligas como a norteamericana ou a japonesa funcionariam como destinos atraentes para Ronaldo. Se ainda existe algum iludido com o discurso batido do "amo esse clube", que não se engane mais, nos EUA ou no Japão, o jogador engordaria ainda mais sua conta bancária e jogaria brincando contra beques de mentirinha. Fica a pergunta, o que seria do time da zona Leste sem o seu astro do momento? Manteria o relativo sucesso que não tinha há tempos?
Tudo é um questão de moderação.
* O texto acima é dedicado ao aluno e corintiano Lucivaldo Junior.