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terça-feira, 7 de abril de 2009

A ciência que destrói lendas


Todos aqueles que são favoráveis à liberdade, seja ela política, econômica ou filósofico-intelectual, devem sempre estar se perguntando porque a ciência, em todas as épocas, teve que lutar e continua lutando contra tantos detratores. Uma das respostas não é tão difícil de ser encontrada como possa aparentar num primeiro instante e, obviamente, o que irei escrever trata apenas de um dos âmbitos da questão, e nem de longe tem a pretensão de encerrá-la.
Hoje torna-se banal a observação de que já houve quem duvidasse das descobertas de Copérnico e Galileu, e não foram poucos, ou quem demonizasse as vacinas e a pasteurização do leite, que tantas doenças evitam. Outros exemplos poderiam ser mencionados aos borbotões! Nada banal, no entanto, é a constatação de que em pleno século XXI, inúmeras pessoas, dentre elas inclusive, muitos filósofos e outras pessoas de bagagem cultural significativa, vejam com péssimo olhar, as pesquisas com células tronco, o aborto para casos de estupro e anencefalia ou algo mais simples, como os alimentos geneticamente modificados e, quem diria, até mesmo uma descoberta científica tão acertada como o evolucionismo de Darwin, isso para citar apenas alguns casos.
A repulsa a alguns exemplos acima tem raiz na religiosidade católica, anti-histórica, anti-científica e anti-progressista. A isso se deve a contínua diminuição do número de fiéis católicos mundo afora, já que cada vez mais o catolicismo perde capacidade de explicar a contemporaneidade. O mais recente caso polêmico envolvendo a Igreja de Roma ocorreu no Recife, quando uma equipe médica que executou aborto de gêmeos em uma criança de 9 anos, vítima de estupro, foi excomungada pelo arcebispo local. A crença essencialista que credita o mesmo valor vital a embriões e pessoas humanas dotadas de consciência tem claros equívocos morais e só pode acarretar na cegueira em relação às nefastas consequências que poderiam advir da não realização do aborto em casos como esse. O dogma católico desconsidera a tragédia psicológica fruto do estupro, os prejuízos à vida e à saúde de uma mãe de 9 anos e o futuro comprometido de crianças nascidas de uma tal situação.
É evidente que a Igreja tem de fechar os olhos para a história, pois isso implicaria na sua autocondenação, sendo assim, os progressos históricos da biologia abalam fortemente os alicerces do catolicismo, não causando surpresa a aversão aos mesmos.
Outro foco de demonização da ciência, laico, ao invés de religioso, é a ideologia de esquerda, tanto em sua tradicional versão marxista, quanto no revisionismo relativista pós-moderno.
A ciência é necessariamente aberta e sujeita à novas descobertas, o que põe em xeque doutrinas finalistas e fechadas como o marxismo. A ciência sempre está a desmentir ideologias que julgam possuir as "chaves" da história e que, por consequência, perseguem e eliminam possíveis "inimigos" da causa. A ciência liberta, o marxismo, por ser fundamentalmente autoritário, aprisiona. No campo da ciência econômica, economistas têm refutado de modo amplamente convincente a "falácia física", que atribui valor intrínseco a qualquer objeto material, independentemente da época. Parece trivial, mas o que regula a economia é a lei da oferta e da procura. Isso funciona como um tiro certeiro na pedra de toque do marxismo! Marx jamais passou de um mero positivista, conferia a si próprio ar científico, mas é cada vez mais tornado obsoleto e inconsistente pela verdadeira ciência.
No que se refere ao relativismo pós-moderno, a ciência bate de frente com tal visão ao preservar o princípio do certo e do errado, inerente a ela própria e de extrema importância para que os princípios de conduta humana e de valoração da liberdade possam vigorar. O obscurantismo relativista está intimamente ligado com a negação da democracia, único sistema político no qual a ciência pode prosperar. Nesse sentido, áreas da ciência moderna, tais quais o cognitivismo e a psicologia evolucionista, têm sido pródigas em pulverizar o misticismo tolo da teoria do bom selvagem e do culturalismo. A tábula rasa relativista e, junto com ela, a defesa da sociologia comportamental, afundam rapidamente no lodo da ignorância.
A ciência sempre terá pela frente batalhas contra aqueles cujas crenças ela desmantela impiedosamente, justamente por representar um perigo a quem julga possuir respostas prontas para tudo. Em regimes políticos livres, sempre vencerá, pois joga ao lado da busca honesta pela verdade, sem rabo preso com ideologias autoritárias e doutrinas dogmáticas.

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