Protected by Copyscape Original Content Checker

domingo, 26 de abril de 2009

Garçom! Por favor, uma porção de ética...

Dia desses, sem querer, encontrei na Internet o texto de um ex-professor meu da graduação de História, comentando sobre o filme Tropa de Elite. Eu sempre mantive para com ele uma divergência intelectual absoluta e, em relação ao texto em questão, nada mudou. Esse professor é adepto da nova (nem tanto assim) moda da esquerda acadêmica, o pós modernismo, cujos principais autores que servem como referência são Nietzsche, Walter Benjamin, Theodore Adorno, Michel Foucault, Jacques Derrida, entre outros. A ideia principal que norteia a lógica pós moderna é a de que todas as relações sociais são moldadas pela busca do poder, daí ser papel do intelectual atuar como um desconstrutor dos sistemas de poder estabelecidos pelos grupos que dominam a sociedade. Pensadores do porte de Karl Popper, Bertrand Russell, Carlo Ginzburg e Steven Pinker são apenas alguns que já mostraram porque o pós modernismo é frágil e falacioso.
O objetivo aqui é discutir tão somente uma expressão utilizada pelo meu ex-professor em seu texto que, em suas implicações morais, revela a absoluta inconsistência do esquerdismo revisitado pelos seguidores de Nietzsche. Logo no início da reflexão, ao criticar a postura do Capitão Nascimento, personagem principal de Tropa de Elite, meu ex-professor afirma que ele é um obcecado pela ética, querendo dizer com isso que o comandante do BOPE é um câncer, fruto do atual sistema.
Para todo pesandor pós moderno, como não é de se estranhar em quem segue a filosofia nietzscheana, a ética não é nada além de uma mera convenção criada para atender os interesses dos dominadores, uma ética burguesa, como é comum dizer, o que denota que o pós modernismo, mais do que pensam seus próprios arautos, bebe na água podre da fonte marxista. Assim sendo, a ética não pode ser pensada sem uma historicidade, perdendo portanto seu valor como princípio fundamental da humanidade. Seguindo-se esse paradigma, não é possível admitir a existência de nenhum valor universal, deve-se obrigatoriamente crer que não existe uma natureza humana, nem sequer quanto aos sistemas de cognição do Homem, claramente diferentes dos demais animais. E assim Spinoza se contorce no túmulo!
Como alguém pode ser obcecado pela ética? Essa expressão pressupõe que possa haver diferentes graus de ética ou, pior ainda, abre a possibilidade de que em certos casos a ética deve estar presente, em outros não! Conhecendo um pouco sobre o pensamento pós moderno, é mais fácil acreditar que jamais se deve adotar ética alguma! Não são eles que dizem ser a ética uma convenção burguesa?! A essa altura, já deve estar claro o absurdo moral provocado pelo pós modernismo, mas isso não convence seus seguidores, afinal a moral só vale em um contexto específico. Seria então de se perguntar qual é a moral pós moderna, pois se toda a moral é condicionada por interesses, estariam em jogo as próprias conveniências dos pós modernos.
O cerne da questão é que o esquerdismo das rodinhas acadêmicas nunca primou pela lógica e pela qualidade da argumentação, nem poderia, pois todo discurso é um discurso de poder. Trocando em miúdos, ou se tem ética, ou não se tem, não é possível ter quantidades de ética, muito menos escolher se uma ação demanda ética ou não. A ética é um princípio, um valor universal, por isso torna-se fácil observar que as mentes que fizeram algo em benefício da humanidade foram possuidoras de sólidos e convictos princípios éticos.
Aprendi muito com meu ex-professor, fui incitado a ler os pós modernos e arrumar artifícios teóricos para refutá-los. Reafirmei meus princípios éticos e aprendi com mais ênfase ainda que jamais se abandona a ética. Um pós moderno tem um valor inestimável, a saber, que você deve se opor a ele ferrenhamente, o que fica tão mais claro quanto mais se tem contato com seu modo de pensar.
Garçom! É para o meu amigo pós moderno!

Nenhum comentário:

Postar um comentário