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terça-feira, 1 de setembro de 2009

A degeneração de um bairro tradicional

Estou com 32 anos de idade, contabilizo 25 como morador do bairro da Lapa, região Oeste da capital paulista. Mesmo nos períodos em que não residi no coração lapeano, frequentei o mesmo semanalmente.
Tenho história na Lapa, história que ela própria tanto possui, pois é um dos bairros mais antigos da pauliceia, produto da imigração italiana na segunda metade do século XIX, crescido e desenvolvido em um dos primeiros surtos de industrialização do Brasil, no início do século XX, momento no qual os lucros do café decaíram e passaram a ser investidos no setor secundário. Obviamente, as mudanças ocorridas desde então foram totais e a Lapa ganhou outra paisagem, outra condição, tornando-se um bairro que, a exemplo de vários outros da megalópole, adentraram junto com ela na modernidade, ainda que em países como o Brasil, esse processo tenha se dado da forma mais atropelada possível, sem o acompanhamento da melhoria na infraestrutura.
O que posso afirmar, conhecendo muito bem a Lapa, é que ela jamais esteve em uma situação de tão gritante abandono e degradação como se encontra no momento presente. Ao mesmo tempo em que observa-se a instalação de grandes empreendimentos imobiliários, - com tudo que trazem de negativo, ainda podem ser a solução - o bairro virou local de proliferação de prostíbulos da mais baixa categoria, antros de dar nojo, dos quais o cheiro de naftalina exala e se mistura ao ar já poluído da rua. Há alguns anos eles estão em funcionamento, denúncias feitas, fecham por algum período, mas voltam a abrir portas novamente. Onde estão as autoridades?
Não acaba por aí..., a quantidade de lixo depositado inadequadamente nas ruas lapeanas é de assustar. Há de todos os tipos, desde simples sacos colocados na rua fora do horário de coleta, passando por sujeira comum, - copinhos, papéis de bala, panfletos e afins, descartada por transeuntes inconsequentes e sujismundos que não são moradores do bairro, até entulho, sofá, restos de comida que provocam náusea ou mesmo o que sobrou de um velho portão, também ele permeado por histórias lapeanas de antanha. Uma imensa variedade de lixo, espalhada por todo o bairro, em cada via, em cada maltratado canteiro ao pé das árvores, o puro retrato do descaso e da total falta de respeito para com o cidadão-morador-contribuinte. Onde estão as autoridades?
Soninha Francine é a atual subprefeita do bairro, cargo que ocupa desde o início desse ano. De lá para cá, só houve piora na situação e me pergunto qual a relação de Soninha com a Lapa. Será que tem alguma? Recentemente, ela declarou que o salário de R$ 6 mil (!) que fatura para administrar a Lapa é uma brincadeira. A subprefeita poderia renunciar ao cargo e ficar apenas com as cifras polpudas que deve obter como comentarista esportiva na ESPN Brasil, algo que inclusive ela faz quase tão mal quanto administra o bairro. Ninguém de bom senso faz questão de sua gestão. Soninha pretende se candidatar ao governo do Estado... Soninha, o que você me diz sobre a situação da Lapa?
O panorama é triste e revoltante, a esperança é que alguém de mais capacidade administrativa possa, a algum momento, tomar as rédeas, se bem que a cada dia o ceticismo em relação a políticos competentes aumenta mais e mais. Tal esperança se assemelha a uma quimera. Talvez, os tantos empreendimentos imobiliários anteriormente citados, possam pressionar pelas urgentes providências, afinal, irá o comprador de tão alto poder aquisitivo conformar-se em residir num bairro francamente degenerado? Tudo é uma questão de cidadania...

2 comentários:

  1. concordo plenamente mas gostaria que este texto chegasse até a sub prefeita e moradores da Lapa, será que é possivel? é inaceitável uma administração tão mediocre feita por uma pessoa que se julga diferenciada em relação à maioria dos politicos deste pais, mas também atribuo a responsabilidade ao Sr Kassab pois muitos bairros de São paulo estão em igual ou pior situação.

    Patricia

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  2. Enviei um e-mail para o projeto Ação Lapa, citando, além do artigo, outras questões relativas ao bairro.

    Vamos ver se vai surtir algum efeito...

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