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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ser simples é sempre melhor


Cada vez menos as pessoas se contentam em ser simples e levar a vida orientadas pela busca de propósitos honestos e pelo cultivo de virtudes frugais. Em oposição a isso, necessitam doentiamente de simulacros e vaidades que fazem elas próprias e os outros pensarem que são detentoras de algum encanto mágico, externo ao sujeito, artificial portanto, e sempre passível de ser desmascarado. Vai ver que é por isso que observamos tamanha quantidade de estados patológicos que afetam acentuadamente a alma e o comportamento nesses tempos atuais.
Já escrevi mais de uma vez a respeito do narcisismo e do egoísmo, esses males típicos da celebrização e da sanha por fama e desejos que quase sempre se revelam efêmeros e paliativos. Com isso, além de muitas pessoas deixarem de ser elas mesmas, transmutando-se em criaturas mesquinhas e bizarras, se afastam também das qualidades que porventura possam deter.
Impossível não bater na tecla de que o brasileiro, em geral, é uma das maiores vítimas desse envaidecimento e o meio futebolístico é um dos cenários que não nos deixa enganar. Alguns exemplos bastam: Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho estão entre as celebridades grotescas. O primeiro é um profissional que há 5 anos não entra em boas condições de jogo, completamente descuidado em relação à forma física. Profissional?! Critico esse jogador faz um bom tempo, nesse blog mesmo, redigi textos dando conta de sua ausência de seriedade e comprometimento. Onde estão aqueles que em 2009 só faltavam ajoelhar diante de Ronaldo? Devem estar pixando muros com xingamentos dirigidos a ele... Ah, por sinal, muitíssimo bem feito para o time provinciano da zona Leste. Quanto ao segundo, não consegue jogar absolutamente nada desde a Copa das Confederações de 2005, a partir de então, só enganou... e frequentou baladas. Eis que chega 2011 e, depois de ser disputado ridiculamente por Palmeiras, Grêmio e Flamengo, fechou contrato não menos ridiculamente com o clube da Gávea. Fácil. Irá fazer seus golzinhos contra os times semi-amadores do interior do Rio e dos rincões do país na Copa do Brasil. Vamos ver o que ele fará no longo, cansativo e difícil Campeonato Brasileiro...
Ronaldo, como não poderia deixar de ser, já vive seu melancólico e fracassado canto de cisne. Eu aposto que o Gaúcho seguirá o mesmo script, afinal, é ele que tem feito por onde desde que se envaideceu após ter brilhado no Barcelona, quando ainda se mantinha como uma pessoa normal. Falando nisso, alguém já reparou como ele anda inchado e com dificuldade de movimentação? Será efeito das noitadas? O jornalista Lucio de Castro toma as dores dos boleiros celebrizados sempre que alguém levanta a questão da falta de profissionalismo por parte dos mesmos. Lucio batizou de “manja” o pessoal que, segundo ele, se mete na vida particular dos jogadores. Eu digo que não há ninguém que irá pagar com mais amargura a ausência de profissionalismo do que esses próprios jogadores, mas há só um detalhe: esses atletas são ídolos e servem de exemplo para muitos jovens, o que é lamentável. No dia em que o brasileiro abrir o olho e enxergar quem de fato merece valor, não estarei mais nem um pouco preocupado com celebridades anódinas.
O argentino Lionel Messi vem sendo considerado o melhor jogador de futebol há duas temporadas. Não noto no meia-atacante do Barcelona nenhum traço de envaidecimento. Vejo, pelo contrário, que ele faz questão de se concentrar cada vez mais, única e exclusivamente, em jogar futebol. Não se ouve nem se lê nada sobre Messi quando o assunto não é esporte. Será por acaso a impressionante regularidade que ele vem mantendo?
Rivaldo é brasileiro, veterano com 38 anos de idade, forma física de um garoto de menos de 20. Sério e humilde exatamente do mesmo jeito que o era quando apareceu como jogador do Mogi-Mirim. Fui contra sua saída da presidência do clube do interior paulista, entretanto, depois de mostrar sua enorme categoria nos gramados do mundo, depois de conquistar tantos títulos, inclusive uma Copa, quando atuou de maneira soberba, depois de eleito melhor do mundo em 1999, o pernambucano não deixou de ser quem sempre foi, seu jeito simples, seu propósito de jogar futebol e seu profissionalismo se mostram intactos. Rivaldo tem tudo para encerrar a carreira com toda dignidade, ele merece isso, pois sempre seguiu o caminho da retidão.
Posso ser chamado de moralista e de desejar mau agouro. Não importa, pois sei que não se trata disso, mas sim da constatação que comprova o velho ditado, “quem procura acha”. Não é nem preciso desejar boa sorte às pessoas simples, uma vez que elas mesmas constroem seu sucesso. Aos envaidecidos, nada mais justo do que a indiferença.

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