Protected by Copyscape Original Content Checker

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Potencialidades de um julgamento: é hora de colocá-los na berlinda


O julgamento do Mensalão vai avançando e tem agora como alvo o núcleo político que comandou o esquema. O ex-presidente do PT, José Genoíno, e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, começaram a ser julgados e já recaiu sobre ambos a condenação do relator do processo, Joaquim Barbosa, e dos ministros Luiz Fux e Rosa Weber. Apenas o revisor Ricardo Lewandowski preferiu contrariar a obviedade dos fatos e absolver os dois ex-líderes petistas. De quebra, ele ainda criticou o Ministério Público e praticamente deixou a entender que o PT nada teve a ver com o Mensalão. Foi replicado até com ironia por outros ministros. Na próxima semana, os demais representantes da Suprema Côrte darão seus votos e a coisa promete esquentar.
Lewandowski é um exemplo claro de politização no Judiciário, como bem afirmou Reinaldo Azevedo, fato que fica evidente na medida em que seu discurso de absolvição de Genoíno e Dirceu citou testumunhas do prório PT ou de partidos envolvidos no esquema como provas válidas para inocentar os réus, ao passo que todos os depoimentos que contrariaram sua tese foram sumariamente desqualificados. Como é possível um ministro do STF agir imbuído de tamanha parcialidade e se mostrar tão néscio em matéria de crítica documental e avaliação de testemunhas? Para acentuar ainda mais o absurdo de sua atuação, Lewandowski condenou Delúbio Soares, o bronco tesoureiro petista, como se este fosse capaz de arquitetar e colocar o esquema em prática sem ao menos estar endossado pelos seus superiores, homens cujo perfil intelectual é muito indicativo de estratégias de destruição institucional. Se é normal que as interpretações variem em qualquer julgamento, por outro lado, a falta de qualidade argumentativa de Lewandowski é uma tremenda aberração, um execrável desserviço político à nação. Felizmente, pelo menos até aqui, os outros ministros têm primado pela coerência e pela acurada interpretação dos autos processuais, o que significa que o Brasil ainda tem chance de se livrar do projeto gramsciano do PT. As evidências que colocam na conta do partido a elaboração e a culpa pelo maior esquema de corrupção da história brasileira vão aos poucos se descortinando aos olhos daqueles que preferem se manter alheios em relação à verdadeira face do petismo. É claro que os meios de ação do PT estão muito bem enraizados em uma conjuntura sociopolítica de populismo, massificação e pão e circo estabelecida pelo próprio partido, o que muito ainda fará o horizonte se apresentar de maneira a inebriar as almas da ignorância com o veneno da catarse, todavia, o lixo da corrupção que o resultado do julgamento poderá escancarar de vez, tornando os culpados mais nítidos do que nunca, é algo potencialmente possibilitador de uma mudança no quadro de poder no Brasil.
Muito embora as atenções estejam devidamente voltadas para o julgamento do Mensalão, há uma pergunta que não quer calar: onde está Lula?! Habitualíssimo em se mostrar às massas como um indefectível messias, o ex-presidente está curiosamente sumido há umas boas semanas. Estaria ele tomado pela paúra de uma possível língua solta por parte de Marcos Valério?! Ou simplesmente os próprios caminhos apontados pelo STF estão deixando Lula encurralado, haja vista que o fim da trilha pode conduzir naturalmente à figura do apedeuta como um dos chefes do esquema?! A última aparição nefasta do ex-presidente se deu quando manobrou para colocar Marta Suplicy à frente do Ministério da Cultura, sórdido arranjo político, tipicamente petista, relacionado à tentativa de alavancar a candidatura de Fernando Haddad no pleito municipal paulista. Depois disso, apenas silêncio. A verdade é que, além da manobra ter pego mal em função do claro objetivo político e também pelo fato de que Marta nunca teve absolutamente nada que a recomendasse ao cargo, a própria disputa eleitoral em São Paulo é bem pequena diante do que pode vir a acontecer com o PT e com Lula dependendo do desfecho do julgamento do Mensalão e do modo como a população em geral fará a leitura dos acontecimentos.
O que existe de inegável se refere à pior situação política vivida pelo PT desde que chegou ao poder federal, mais do que em 2005, quando o escândalo do Mensalão veio à tona, momento no qual a ignóbil oposição socialdemocrata se revelou frágil e incompetente para golpear Lula como deveria tê-lo feito. Eis que surge mais uma oportunidade valiosa para bater forte no petismo e, ao contrário do que versa a retórica autoritária saída das entranhas do partido mais peçonhento da história brasileira, derrotá-lo não com golpismo, conceito distorcido convenientemente por todos os arautos do gramscianismo, mas através do argumento democrático e de sua consequência direta, a escolha nas urnas. É preciso, antes de qualquer coisa, varrer a catarse que prostra as massas, tarefa das mais difíceis, porém não impossível. Vejamos o que vem por aí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário