Às vésperas de mais um importante jogo da seleção brasileira pelas Eliminatórias do mundial da África do Sul em 2010, o interesse do torcedor pelo escrete canarinho tem se mantido próximo do zero. Os cronistas esportivos se contorcem em debates intermináveis procurando por uma explicação dos motivos de tamanho desdém, como se a resposta para tanto fosse um mistério digno de ouriçar até mesmo aqueles que nunca gostaram de futebol. Evidentemente, as razões do desencantamento com a seleção são de simples diagnóstico e, como sempre, a mídia esportiva apenas põe lenha na fogueira quando não tem muito com o que atrair o telespectador.
A própria imprensa esportiva foi, ao longo do tempo, transformando a seleção brasileira em algo mais do que ela é, ou seja, o ufanismo exagerado de muitos jornalistas, jogou sobre o perfil de um time de futebol, que encantou muitas vezes no passado, - até porque os tempos eram outros - a carga insuportável de heroísmo sentimental. Paradoxalmente, os jogadores que compõem a seleção foram, gradativamente, devido também a todas as mudanças pelas quais o futebol passou nos últimos 25 anos, assumindo-se como celebridades sem as quais um país não pode viver, passaram a atribuir a si mesmos uma importância que jamais terão, mascararam, como se diz no jargão futebolístico. Até mesmo sem querer, tornaram-se antipáticos e distantes (a maioria atua fora do Brasil e alguns deles sequer chegaram a obter destaque atuando no próprio país). Não existe nenhum herói verdadeiro que não tenha a marca do sacrifício estampada no rosto, quanto mais heróis que não possuem um rosto. Toda celebridade é fabricada e anódina, sendo assim, o que se observa com a seleção, já era de se prever há tempos.
Um outro fator, que somado ao anterior completa o quadro de desencanto, diz respeito ao fato de que a seleção virou muito mais um quintal de interesses de empresários e patrocinadores do que propriamente um time de futebol capaz de desanuviar a mente do torcedor. Excesso de jogos inúteis, desmandos de cartolas e patrocinadores interessados em convocações são reflexos desse tipo de profissionalização desregrada.
A seleção brasileira continuou existindo desvinculada de seu propósito, que sempre deveria ter sido simplesmente jogar futebol de modo honesto e esforço para encantar através da arte proporcionada pelo próprio futebol. Alguns dos selecionáveis, muitas vezes chegaram a recusar convocações, provando que até eles próprios se desenraizaram em relação ao já datado clichê que afirma que o sonho de qualquer jogador é servir à seleção do seu país.
Não dá para querer ser herói, quando na verdade se deveria ser artista. Heróis só se tornam tais, depois que tombam em batalha, como continuam ensinado as epopéias gregas. Jogador de futebol servindo a seleção só deveria buscar exercer a arte do esporte (atuando em clube o papo é outro), do contrário, vira celebridade efêmera. Caso ainda se busque uma pitada de heroísmo épico no futebol, que mirem os brasileiros no exemplo dado pelos hermanos, pois eles sim, vestem o azul claro e o branco como se estivessem envergando a armadura de um hoplita pronto para o embate. É que a cultura da terra do tango é diferente do performismo carnavalesco tupiniquim. Os argentinos têm uma sobriedade resignada, mas ao mesmo tempo, um sofrimento latente e arrebatador que explode em fúria e vontade de vitória quando Messi e companhia entram em campo. Aqui no Brasil não se tem essa cultura, nossa história não é a mesma que a deles.
A propósito, respondendo a pergunta do título: não existe mais seleção brasileira.
A própria imprensa esportiva foi, ao longo do tempo, transformando a seleção brasileira em algo mais do que ela é, ou seja, o ufanismo exagerado de muitos jornalistas, jogou sobre o perfil de um time de futebol, que encantou muitas vezes no passado, - até porque os tempos eram outros - a carga insuportável de heroísmo sentimental. Paradoxalmente, os jogadores que compõem a seleção foram, gradativamente, devido também a todas as mudanças pelas quais o futebol passou nos últimos 25 anos, assumindo-se como celebridades sem as quais um país não pode viver, passaram a atribuir a si mesmos uma importância que jamais terão, mascararam, como se diz no jargão futebolístico. Até mesmo sem querer, tornaram-se antipáticos e distantes (a maioria atua fora do Brasil e alguns deles sequer chegaram a obter destaque atuando no próprio país). Não existe nenhum herói verdadeiro que não tenha a marca do sacrifício estampada no rosto, quanto mais heróis que não possuem um rosto. Toda celebridade é fabricada e anódina, sendo assim, o que se observa com a seleção, já era de se prever há tempos.
Um outro fator, que somado ao anterior completa o quadro de desencanto, diz respeito ao fato de que a seleção virou muito mais um quintal de interesses de empresários e patrocinadores do que propriamente um time de futebol capaz de desanuviar a mente do torcedor. Excesso de jogos inúteis, desmandos de cartolas e patrocinadores interessados em convocações são reflexos desse tipo de profissionalização desregrada.
A seleção brasileira continuou existindo desvinculada de seu propósito, que sempre deveria ter sido simplesmente jogar futebol de modo honesto e esforço para encantar através da arte proporcionada pelo próprio futebol. Alguns dos selecionáveis, muitas vezes chegaram a recusar convocações, provando que até eles próprios se desenraizaram em relação ao já datado clichê que afirma que o sonho de qualquer jogador é servir à seleção do seu país.
Não dá para querer ser herói, quando na verdade se deveria ser artista. Heróis só se tornam tais, depois que tombam em batalha, como continuam ensinado as epopéias gregas. Jogador de futebol servindo a seleção só deveria buscar exercer a arte do esporte (atuando em clube o papo é outro), do contrário, vira celebridade efêmera. Caso ainda se busque uma pitada de heroísmo épico no futebol, que mirem os brasileiros no exemplo dado pelos hermanos, pois eles sim, vestem o azul claro e o branco como se estivessem envergando a armadura de um hoplita pronto para o embate. É que a cultura da terra do tango é diferente do performismo carnavalesco tupiniquim. Os argentinos têm uma sobriedade resignada, mas ao mesmo tempo, um sofrimento latente e arrebatador que explode em fúria e vontade de vitória quando Messi e companhia entram em campo. Aqui no Brasil não se tem essa cultura, nossa história não é a mesma que a deles.
A propósito, respondendo a pergunta do título: não existe mais seleção brasileira.