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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

À memória de Daniel Piza


O jornalismo cultural brasileiro está de luto. Inexorável, o destino abreviou a vida de Daniel Piza, aos 41 anos. A notícia trágica pegou de surpresa a todos que acompanhavam o trabalho deste brilhante intelectual, sobretudo por meio da leitura de sua coluna dominical no Estado de São Paulo.
É bem difícil aceitar que um jovem como ele, no auge de sua produção, com tantas contribuições ainda a oferecer aos quadros do pensamento no Brasil, país carente de alta cultura, tenha que partir e deixar órfãos àqueles que bebiam na fonte de suas excelentes reflexões. Muito do que escrevo neste blog vem da influência de Piza, de sua escrita fluída e contundente, de seu liberalismo progressista, de sua defesa do capitalismo, bem como das críticas mais do que justas à política brasileira e a seu governo atual. Ele deplorava também irracionalidades atestadas pelo culto exagerado ao corpo, pelo consumismo narcisista e patológico e pelas superstições religiosas. Costumava afirmar que hoje em dia muitas pessoas preferem acreditar naquilo que não tem evidência alguma do que na pesquisa e na ciência. Piza se mostrava como um iconoclasta do pesadelo pós-moderno ao qual boa parte da sociedade atual foi levada devido à inversão de valores e à picaretagem de pretensos pensadores.
Os leitores que frequentavam assiduamente as reflexões de Piza sabem que a lacuna deixada por ele é bastante vasta. Não há hoje na imprensa alguém que saiba tanto e sobre tanta coisa como ele, que exponha com a mesma verve e clareza assuntos que deviam ser do interesse geral, temas polêmicos e uma argumentação precisa em favor da cultura de qualidade, da ética e de valores que cada vez mais se perdem.
“Uma lágrima”, era o que Piza escrevia quando prestava homenagem a alguma personalidade merecedora de destaque. Para ele, não deixo apenas uma lágrima, mas várias. Caberá a todos que creem nas ideias e na cultura como único caminho que vale a pena percorrer na tentativa de atenuar as imperfeições humanas, fazer com que o rico pensamento de Piza permaneça sempre vivo. Descanse em paz.

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